Transporte público segue causando transtornos à população de Guarulhos

Quase três meses após a implementação do Bilhete Único e da mudança de linhas, situação do transporte ainda não é estável na cidade

Por Mariana Barbosa



Manifestantes questionam o aumento da tarifa
de ônibus (Divulgação)

Em vigor desde 8 de janeiro de 2011, o Bilhete Único de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo, continua a gerar descontentamento em grande parte da população local, principalmente por conta das mudanças nas linhas que o novo sistema trouxe consigo. O objetivo do governo municipal ao alterar o transporte público, era seguir os moldes de cidades consideradas referências nacionais no assunto, como Curitiba e São Paulo. Para isso, além do Bilhete único, que garante integração de 2 horas em qualquer ônibus da cidade, cerca de 100 linhas foram modificadas e terminais incluídos em pontos estratégicos do município.

Para a assessora de imprensa Izabel Aparecida, o que vem gerando descontentamento são as novas rotas dos veículos, além do fato de haver poucos ônibus em circulação. “A implantação do bilhete único é uma excelente ideia. É justo que a população possa se locomover pagando apenas uma tarifa, que já é excessivamente cara para a qualidade oferecida, em determinado horário. O que complicou o processo foi a mudança de linhas e itinerários. Há ainda uma lotação excessiva e sofrimento para os usuários”, conta.  Izabel revela também que se sente frustrada em relação à reação das autoridades diante das reclamações. “Quem idealizou e colocou em prática esse sistema não deve utilizar os ônibus de Guarulhos. O que se observa nos pontos, dentro dos coletivos e em toda a cidade, é um descontentamento geral. As autoridades não tomam nenhuma providência e ainda culpam a população pelo caos que se instalou desde a implantação do bilhete único. Preferem não enxergar o resultado catastrófico de suas ações, fingindo que está tudo bem e que tudo melhorou para o povo, fazendo inclusive propagandas nesse sentido”, acredita.

Já Daniel Delgado, cobrador da empresa de ônibus Campos dos Ouros, crê que a insatisfação dos passageiros seja uma reação natural à mudança de hábitos “Agora o usuário tem a possibilidade de utilizar várias condições pelo preço de uma, o que é positivo”, afirma. Daniel ainda prevê que a situação se estabilize conforme as questões de infraestrutura, que não estão completamente resolvidas, sejam solucionadas. “Muitos terminais ainda não estão finalizados, o que dificulta o atendimento à demanda de usuários, pois não há lugares o suficiente para estacionar todos os veículos e nem condições de atender aos horários de saída”, explica.

Após uma série de manifestações contra o bilhete único, logo após sua implantação, o então secretário de transportes e trânsito da cidade, José Everaldo Gonçalo, responsável pelas mudanças, deixou o cargo para trabalhar no gabinete da senadora Marta Suplicy, em Brasília. No último mês, em seu lugar assumiu Atílio André Pereira, que já atuou na área pelas Prefeituras de São Paulo e Campinas em anos anteriores. Apesar da troca de secretários, o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, afirmou, na cerimônia de posse de Pereira, que não haverá mudanças no trabalho que vem sendo realizado na implantação do Bilhete Único. “Estamos fazendo uma verdadeira revolução na cidade, mudando coisas até chegar ao modelo ideal. Estou convicto de que este projeto é o melhor para a cidade, que será exemplo no Estado de São Paulo”, disse.