Escola de flanelinhas




Editorial: Educação

Após quatro anos de manifestações, a população da zona leste de São Paulo conseguiu a compra do terreno para a implantação da Universidade Federal da Zona Leste. O MEC, Ministério da Educação, providenciará a instalação da Universidade no bairro de Itaquera. Apesar da conquista do povo da ZL, é fácil prever que a maioria dos moradores do bairro não está preparada para ingressar em uma Universidade Federal que de acordo com o governo é “de todos”. Já está ficando normal para nós brasileiros nos acostumarmos com um ensino público medíocre e ineficiente e na região mais populosa de São Paulo não seria diferente.

O pouco investimento na educação faz com que nossos alunos saiam do ensino médio público sem condições de prestar um vestibular em uma Universidade Federal. Não há sequer competição com alunos que vieram de escolas particulares, ou alunos ricos que passaram por cursos preparatórios. O Brasil é um dos países que mais cresceu economicamente nos últimos anos, e talvez por ignorar o conhecimento, não aprendeu que para um país se tornar potência mundial é imprescindível um forte investimento na educação.

Já que o foco é a Zona Leste, é preciso incentivo e projetos que façam os moradores da região conseguirem espaço em meio a estudantes das classes A e B. Uma maneira de obter essa igualdade é a distribuição de cotas para os mais pobres e cursos preparatórios gratuitos. As obras da UFZL já vão começar, e o governo junto à prefeitura tem pouco tempo para agir, até porque se tudo continuar como está o único benefício que a Universidade trará para o bairro será o de mais empregos para os flanelinhas da região. 

Por Gustavo Oliveira
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Só ali na esquina




Editorial: Ciência e Tecnologia

Entra em vigor a partir do próximo mês a nova lei da Ancine – Agência Nacional de Cinema, que reorganiza a grade de programação das TVs por assinatura do país. A lei, aprovada em setembro do ano passado, regulamenta a presença de conteúdo nacional nos pacotes oferecidos pelas operadoras e na programação oferecida pelos canais, mesmo estrangeiros.

Com a nova legislação, até o dia 12 de setembro as operadoras precisam incluir um canal brasileiro a cada nove estrangeiros. A partir do dia 13, a cada seis. Trata-se de um estímulo muito bem-vindo e necessário. A produção brasileira no entretenimento ainda é pouco explorada, esbarrando em problemas como a falta de patrocínio, de estrutura e de espaço para divulgação.  Nossos cineastas – e futuros profissionais da área – precisam dessa ampliação no campo, para que bons projetos se desenvolvam sem a necessidade de buscar apoio fora do país.

O problema está no fato de que a tecnologia da TV a cabo continua indisponível para grande parte do país. Embora no primeiro semestre de 2012 a TV por assinatura tenha crescido 31%, a marca de 14,8 milhões de domicílios ainda representa muito pouco da população brasileira: cerca de 7 a cada 100 habitantes. Mesmo a otimista previsão da Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, que aponta 17 milhões de casas com TV paga até o fim do ano, continua pequena. De que adianta incentivar a produção de cultura se ela não alcançará todos os públicos?

Na Zona Leste de São Paulo, em diversos bairros é impossível assinar os serviços de uma operadora de TV digital, principalmente com os famosos combos que unem televisão e internet. Em alguns lugares, o serviço chega parcialmente: uma rua pode ter sinal e sua rua vizinha não, outras têm cabeamento apenas até a esquina x. Pacotes promocionais, como o Net Combo, também são restritos – há regiões onde o sinal da televisão chega, mas o cabeamento para a internet não. Qual o sentido de baixar o preço do serviço e não levá-lo onde ele é necessário?

Ficamos à mercê da programação da TV aberta, que cada vez mais se torna sinônimo de alienação, enquanto a TV paga abre espaço para canais educativos e de entretenimento. A Radar Jornalístico se preocupa com a qualidade da cultura oferecida na região Leste de São Paulo e nos demais lugares que a TV a cabo não alcança. O incentivo à cultura brasileira precisa urgentemente se aliar à preocupação de divulgá-la em todos os cantos da cidade e do país. A televisão é um instrumento de comunicação muito poderoso para continuar inacessível a tantos.

 Por Aline Romero
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Nas entrelinhas


Editorial: Cultura


A 22ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo ocorreu entre os dias 09 e 19 de agosto no pavilhão de exposições do Anhembi na zona norte. O tema deste ano foi “Porque os livros transformam o mundo” e teve como homenageados os escritores Jorge Amado e Nelson Rodrigues; e os 90 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. Como é possível perceber apenas com o tema dado ao evento, seu objetivo é difundir a leitura e a apreciação de livros, quesito no qual, infelizmente, a Bienal deixou a desejar.

Desde os valores dos ingressos, que aumentaram R$2,00 a inteira e R$1,00 a meia-entrada, a Bienal do Livro mostra-se como um evento elitizado. Em edições anteriores, encontrava-se facilmente livros de literatura infanto-juvenil, adulta, nacional e mundial a preços completamente acessíveis, alguns chegando a custar R$1,00. Na última edição, os livros infantis mais baratos custavam no mínimo R$3,00. Quanto às obras dos homenageados, além de bastante difíceis de encontrar, custavam uma média de R$30,00, com algumas publicações chegando a R$90,00, enquanto em um sebo é possível encontrá-los por aproximadamente R$15,00. Além disso, nos stands, o valor dos livros erra correspondente ao das lojas, raramente encontrando-se valores promocionais.

Se um evento divulga a leitura e a paixão pela literatura, logo de cara espera-se que o mesmo tenha como público-alvo pessoas de baixa renda e difícil acesso à cultura leitora. No entanto, quando se trata da Bienal, não é o que tem acontecido. Mesmo tendo ônibus gratuitos saindo das estações Portuguesa-Tietê e Palmeiras-Barra Funda, pessoas que moram na Zona Leste, por exemplo, demoram para chegar por causa da distância. Há que se considerar um gasto enorme para chegar até o transporte gratuito e ainda tem que lidar com o inconveniente de, nos finais de semana,encontrar filas quilométricas para estes transportes.

Para a divulgação do evento, foi instalada na Praça da Repúblic,a a Máquina de Livros que efetuava a troca de livros usados por livros novos e a Zona Leste não recebeu tal iniciativa. A mobilização na região seria de suma importância, pois o acesso a livros é escasso, havendo carência de bibliotecas e de iniciativas de mobilização literária, além de acervos desatualizados.

Nós, da Agência Radar Jornalístico acreditamos que a elitização da Bienal do Livro é uma pena, pois o evento tem um potencial enorme para despertar em todas as pessoas o interesse pela leitura, ainda mais se tratando de um país em desenvolvimento e carente de informações, como é o caso do Brasil, que passou direto do analfabetismo para a frente da televisão, tornando-o, assim, um país de cidadãos facilmente manipuláveis.


Por Daniele Motta
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