Produtos de
necessidade básica, como alimentos, são os que sofreram maior aumento desde o
começo de 2011
Por Andressa
Moura e Renata Pereira
A preocupação mais recente de grande parte dos brasileiros é
o aumento nos preços de produtos associados a hábitos rotineiros dos
paulistanos, que vão desde estacionamento, telefonia móvel e transporte público
até o famoso “cafezinho” no fim da tarde; custos que durante o dia aparentam
ser baixos, mas somados no fim do mês, mostram-se com valores altos.
Segundo levantamento do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, as principais contribuições para o
aumento de 0,39%no índice do custo de vida (ICV) da capital paulista, estão
relacionadas à alimentação, cuja alta nos preços foi de 1,17%. Uma inflação
considerada acima da média geral, comparada as demais como no grupo de
transporte (0,21%), saúde (0,7%) e habitação (0,53%) que ocorreram durante o
ano de 2011.
Para o mestre em economia política pela PUC, Nelson
Calsavara Junior, alguns dos principais motivos dessa crescente em São Paulo
estão associados ao fato de a cidade possuir a maior infraestrutura do país.
“Aqui estão localizadas a maioria das grandes empresas e a quantidade de
habitantes também é relevante. Tudo isso acaba fazendo pressão nos preços.
Quanto mais pessoas morarem em São Paulo, mais imóveis serão necessários para
atender a necessidade das mesmas. Porém, quando a quantidade de pessoas é maior
do que a quantidade de moradias disponíveis, aqueles que a possuem e desejam
vendê-la, oferecem a um preço maior”, afirma.
Nelson também salienta outro aspecto importante que tem
afetado a economia do mundo inteiro: as fusões de empresas. “É um fenômeno que
tem ocorrido com frequência no Brasil e no mundo, por exemplo, o Pão de Açúcar
comprou as Casas Bahia, a Coca Cola comprou a Dell-Valle, o Itaú comprou o
Unibanco, e assim sucessivamente. Isso causa uma redução na competitividade, já
que cada vez mais existe uma quantidade menos de empresas, que acabam cobrando
um preço maior do cidadão pela execução do serviço ou pelo produto”, conta
Calsavara.
Entre os alimentos que mais sofreram alta nos preços,
destacam-se os pescados, com um aumento de 6,69%, seguidos pelos legumes com
cerca de 5,21% nos índices. Houve um decréscimo de 7,82% apenas no setor de
verduras. Em vista dessas altas nos preços, muitos consumidores como Marco
Antônio Carreira, administrador de empresas, procuram cortar alimentos que não
sejam essenciais – como doces, bolos, chocolates e sorvetes – e pesquisar os
melhores preços na hora da compra mensal. Já outros acabam culpando os
estabelecimentos pelos preços abusivos. “É difícil agradar o cliente.
Procuramos manter o mesmo preço pelo maior tempo possível, diminuindo a
porcentagem de lucros para poder estabilizar um valor. Mas chega uma hora em
que precisamos repassar este aumento, e é aí que a maioria dos clientes acaba
achando que estamos sendo incoerentes em nossos preços, ao invés de atentar à
inflação econômica”, comenta Luciano Deiró, gerente de mercado na região leste
de São Paulo.
A previsão oficial da inflação para o país é de 4,50% até o
fim do ano, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo,
tendo em vista o indicador auferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), que é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidos Amplo)
Atualmente esta meta já foi ultrapassada e está na casa dos 7%. O Banco Central
tem tomado medidas de contenção desde o início do ano para evitar uma escalada
de preços ainda maior. Isso se deve, em grande parte, ao aumento da capacidade
de consumo da população, já que na economia, quando há consumo excessivo de
algo e os produtos começam a ficar escassos, os preços se elevam.
Com a instabilidade e com a proximidade do fim do ano, a
dica de Calsavara é procurar controlar ao máximo os gastos desnecessários e
tentar dividir o 13º salário em parcelas que quitem dívidas anteriores, compras
de fim de ano e, se possível, separar uma parte para gastos do ano seguinte,
como mensalidades, IPTU, IPVA e materiais escolares para se ter um “sono
tranquilo”. Apesar de toda a incerteza da economia brasileira e das possíveis
crises nos locais para os quais o Brasil importa produtos, como os Estados
Unidos e a Europa, o período de festas, somado à renda adicional recebida ao
fim do ano, deve gerar um aumento positivo da atividade econômica no país,
seguindo o modelo da última década.
0 comentários:
Postar um comentário