Custo de vida sobe na cidade de São Paulo

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Produtos de necessidade básica, como alimentos, são os que sofreram maior aumento desde o começo de 2011
Por Andressa Moura e Renata Pereira
A preocupação mais recente de grande parte dos brasileiros é o aumento nos preços de produtos associados a hábitos rotineiros dos paulistanos, que vão desde estacionamento, telefonia móvel e transporte público até o famoso “cafezinho” no fim da tarde; custos que durante o dia aparentam ser baixos, mas somados no fim do mês, mostram-se com valores altos.
Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, as principais contribuições para o aumento de 0,39%no índice do custo de vida (ICV) da capital paulista, estão relacionadas à alimentação, cuja alta nos preços foi de 1,17%. Uma inflação considerada acima da média geral, comparada as demais como no grupo de transporte (0,21%), saúde (0,7%) e habitação (0,53%) que ocorreram durante o ano de 2011.

Para o mestre em economia política pela PUC, Nelson Calsavara Junior, alguns dos principais motivos dessa crescente em São Paulo estão associados ao fato de a cidade possuir a maior infraestrutura do país. “Aqui estão localizadas a maioria das grandes empresas e a quantidade de habitantes também é relevante. Tudo isso acaba fazendo pressão nos preços. Quanto mais pessoas morarem em São Paulo, mais imóveis serão necessários para atender a necessidade das mesmas. Porém, quando a quantidade de pessoas é maior do que a quantidade de moradias disponíveis, aqueles que a possuem e desejam vendê-la, oferecem a um preço maior”, afirma.

Nelson também salienta outro aspecto importante que tem afetado a economia do mundo inteiro: as fusões de empresas. “É um fenômeno que tem ocorrido com frequência no Brasil e no mundo, por exemplo, o Pão de Açúcar comprou as Casas Bahia, a Coca Cola comprou a Dell-Valle, o Itaú comprou o Unibanco, e assim sucessivamente. Isso causa uma redução na competitividade, já que cada vez mais existe uma quantidade menos de empresas, que acabam cobrando um preço maior do cidadão pela execução do serviço ou pelo produto”, conta Calsavara.

Entre os alimentos que mais sofreram alta nos preços, destacam-se os pescados, com um aumento de 6,69%, seguidos pelos legumes com cerca de 5,21% nos índices. Houve um decréscimo de 7,82% apenas no setor de verduras. Em vista dessas altas nos preços, muitos consumidores como Marco Antônio Carreira, administrador de empresas, procuram cortar alimentos que não sejam essenciais – como doces, bolos, chocolates e sorvetes – e pesquisar os melhores preços na hora da compra mensal. Já outros acabam culpando os estabelecimentos pelos preços abusivos. “É difícil agradar o cliente. Procuramos manter o mesmo preço pelo maior tempo possível, diminuindo a porcentagem de lucros para poder estabilizar um valor. Mas chega uma hora em que precisamos repassar este aumento, e é aí que a maioria dos clientes acaba achando que estamos sendo incoerentes em nossos preços, ao invés de atentar à inflação econômica”, comenta Luciano Deiró, gerente de mercado na região leste de São Paulo.

A previsão oficial da inflação para o país é de 4,50% até o fim do ano, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, tendo em vista o indicador auferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidos Amplo) Atualmente esta meta já foi ultrapassada e está na casa dos 7%. O Banco Central tem tomado medidas de contenção desde o início do ano para evitar uma escalada de preços ainda maior. Isso se deve, em grande parte, ao aumento da capacidade de consumo da população, já que na economia, quando há consumo excessivo de algo e os produtos começam a ficar escassos, os preços se elevam.

Com a instabilidade e com a proximidade do fim do ano, a dica de Calsavara é procurar controlar ao máximo os gastos desnecessários e tentar dividir o 13º salário em parcelas que quitem dívidas anteriores, compras de fim de ano e, se possível, separar uma parte para gastos do ano seguinte, como mensalidades, IPTU, IPVA e materiais escolares para se ter um “sono tranquilo”. Apesar de toda a incerteza da economia brasileira e das possíveis crises nos locais para os quais o Brasil importa produtos, como os Estados Unidos e a Europa, o período de festas, somado à renda adicional recebida ao fim do ano, deve gerar um aumento positivo da atividade econômica no país, seguindo o modelo da última década.

0 comentários:

Postar um comentário

 
RADAR JORNALÍSTICO | by TNB ©2011