Por Déborah Aranhos
William Santana é formado em Radialismo e Jornalismo e tem uma opinião concreta e consciente quanto à carreira Jornalística. (Foto por Déborah Aranhos) |
Com duas graduações e uma pós-graduação, William Santana, 38, é um ex-aluno de sucesso. Formou-se em Radialismo em 1999 e como pós-graduação escolheu o curso Interatividade na TV Digital, no qual se formou em 2008. Logo em seguida, em 2010 se formou em Jornalismo na Universidade Cruzeiro do Sul. Atualmente, Santana é supervisor do Campus Virtual da mesma instituição educacional.
A seguir, confira a entrevista concedida por Santana. Ele fala sobre o mercado jornalístico, a mídia sensacionalista e a não-obrigatoriedade do diploma no curso de jornalismo.
Agência Radar Jornalístico - O que você pode dizer sobre a não-obrigatoriedade do diploma no curso de jornalismo?
William Santana - Muita gente vai me odiar por isso, mas é minha opinião. Acredito que o curso de jornalismo necessite de diploma, caso contrário seria um curso sem reconhecimento pelos órgãos federais que regulamentam o ensino. Mas se estamos falando sobre a prática jornalística, não vejo a falta de diploma como um problema. O jornalismo sempre foi feito por inúmeros não-jornalistas, principalmente advogados. Porém, não acredito que as grandes empresas de comunicação contratem jornalistas sem o mínimo da base teórico-prática dada nas faculdades. Não adianta fulano bater na porta da Globo querendo ser jornalista que não vai ter chance nenhuma. Agora, apadrinhamentos sempre existiram e continuarão a existir. Existem problemas muito maiores que a falta do diploma no jornalismo, a falta de ética e a não observância às normas da língua são muito mais graves.
ARJ - Ainda quanto a não-obrigatoriedade do diploma, você acha que você poderia ser um bom jornalista sem a formação?
WS - Sem dúvida. É claro que a formação acadêmica me ajudou bastante. Mas ser bom em qualquer profissão depende muito mais do profissional do que de sua formação. Você faz o seu caminho. Suas escolhas e sua atualização como profissional contam muito. Vi muitos alunos aqui na instituição que chegaram no 8º semestre e sem nunca sentar numa ilha de edição de vídeo ou utilizar um gravador digital. Num mercado profissional onde quem tem mais conhecimentos sai na frente, como este aluno pode brigar pelas melhores vagas? Ele se
auto-boicota! E mesmo assim ele terá diploma. Será um bom profissional? Talvez. Mas suas chances são menores.
auto-boicota! E mesmo assim ele terá diploma. Será um bom profissional? Talvez. Mas suas chances são menores.
ARJ - Para os estudantes, o ideal seria estagiar em quantas empresas ao longo do curso?
WS - Veja bem, se não me engano não existe estágio para jornalista. Mas a gente sabe que na prática não funciona bem assim. Então, acredito que durante o curso, quanto maior o número de estágios melhor. É através deles que você adquire conhecimentos que o diferenciarão de outros profissionais depois de formado, e mais importante, faz contatos. Pois é através destes que você conseguirá se colocar com mais facilidade no mercado de trabalho.
ARJ - Quando você escolheu cursar jornalismo qual foi a reação da sua família?
WS - Eu já era bem "grandinho" quando isso aconteceu e o Jornalismo foi minha segunda graduação, então eles não tiveram reações a respeito. Mas acredito que se tivesse sido minha primeira escolha, possivelmente minha mãe teria reclamado, como fez quando resolvi cursar Radialismo. Ela queria que eu fosse engenheiro. Meu pai nunca foi contra nenhum dos cursos, ele trabalhou com cinema publicitário por quase 25 anos.
ARJ - Você acha que o mercado jornalístico é muito disputado?
WS - Com certeza é. Existem inúmeros cursos espalhados pelo Brasil e o número de empresas jornalísticas, e consequentemente de vagas disponíveis é muito menor. Daí ser tão importante a diferenciação do profissional. Falar inglês não é ter diferencial, hoje é obrigação. Diferencial é falar chinês, por exemplo.
ARJ - No futuro, você pretende fazer alguma outra faculdade na área ou algum curso para enriquecer o seu currículo?
WS - Faculdade na área acho que não. Caso venha a fazer outra, não será na área (tenho vontade de fazer várias, mas não tenho tempo, nem dinheiro). Mas cursos, há vários que quero fazer, inclusive pretendo começar um este ano ainda. Vamos torcer para dar certo.
ARJ - “O jornalista pode fazer todas as perguntas e sobre qualquer assunto". Você concorda com essa afirmação?
WS - Acho que esta afirmação implica em divulgação. Acredito que possa sim, fazer todas as pergutas e sobre qualquer assunto. Publicar as respostas e suas interpretações é que demanda muito critério e ética e isso nem todo mundo tem.
ARJ - Qual é a sua opinião sobre a mídia sensacionalista?
WS - Não deveria ser levada a sério. Na verdade, nem deveria ser chamada de jornalismo, pois muitas vezes vai contra todos os princípios pregados por este. O problema é que num país onde mais da metade da população sofre de analfabetismo funcional, grande parte do povo não é capaz de julgar ser verdade ou não o que lê, vê e ouve. E é nesse ponto onde a mídia sensacionalista faz estragos.
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