Personalidades da mídia invadem o congresso

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ex-jogadores, humoristas e cantores ganham notoriedade a partir da política
 
Por Caroline Féria e Rômulo Magalhães
Tiririca vai as ruas cumprimetar o povo após vitória
nas eleições. (Divulgação)
Em 2010 o cidadão brasileiro teve novamente o direito de decidir seu futuro. Esse foi um ano atípico para os eleitores, pois além dos candidatos tradicionais, ou seja, que já tinha experiências em outras eleições, a surpresa foi a candidatura de pessoas famosas no meio artístico e esportivo como os ex-jogadores Romário e Bebeto, os cantores Frank Aguiar, um dos integrantes do ex-grupo KLB e até humoristas como Sérgio Malandro, Batoré e Tiririca.
Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, um dos candidatos escolhidos pelo povo, quase teve a candidatura recorrida sob acusação de analfabetismo e foi alvo de críticas de outros candidatos à vaga. Com ar de deboche conquistou os 1, 350 milhões de eleitores e satirizou a política brasileira com o slogan: “Vote no Tiririca. Pior que tá não fica”.
“Eu votei nele por que estava cansado dos políticos atuais que aí estão e para dar uma chance para um cara muito humilde que veio lá de baixo, do nordeste, para ver se consegue fazer algo pelo povo, principalmente pela sua cidade. E também sempre tive muita admiração por ele porque leva alegria ao povo brasileiro”, argumenta Humberto Alves, eleitor e ex-candidato a vereador de Guarulhos.
Enquanto algumas pessoas acreditam que esses artistas realmente se candidatam por ter vocação com a política e querer ajudar a população, há outras que discordam de famosos na política porque alegam que eles se candidatam apenas para ganhar mais fama e assim serem eleitos. “Essas pessoas famosas só se elegem pela ignorância do povo que colocam esses espertos que tiram proveito de algumas situações”, indagou Mauro Lança, eleitor.
Ainda há controversas de que os partidos contratam essas pessoas para se candidatar pelo seu popularismo e assim ter um alto índice de votos onde podem eleger outros candidatos do mesmo partido por não ser tão populares assim.
Segundo a docente de Jornalismo Político e Econômico da Universidade Cruzeiro do Sul, Profª Ms. Regina Tavares de Menezes, um dos impactos mais importantes da mídia na política é a personalização, “e por conta disso, o processo político é apresentado cada vez mais como uma disputa entre candidatos e não entre programas políticos. Ciente deste fato, muitos partidos políticos têm apostado em cantores, atores e até jornalistas como novos candidatos”, afirma.
“A estratégia empregada é clara, querem apostar em alguém que tem domínio pleno dos bastidores da mídia. Querem apostar em alguém com boa retórica, notoriedade, carisma e aceitação”, comenta a professora Regina Tavares.
Após nove meses no mandato, Tiririca, é titular da comissão de Educação e Cultura na câmara e apresentou três projetos. Um deles é o que vem sendo chamado de Bolsa-Palhaço que é o serviço de assistência social para profissionais de circo.
“Nem sempre ser famoso garante a compreensão adequada do universo político e aí quem perde, inevitavelmente, é o cidadão. A única alternativa é reforçarmos o senso crítico dos eleitores para que votos não sejam desperdiçados”, conclui a professora Regina Tavares.

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