Imposto para importação de carros sobe 30%

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Determinação do Governo causa impacto no mundo automotivo. Países do Mercosul e México estão de fora do aumento
Por Nathalia Alves e Fabiana Chagas
Concessionárias se planejam para não perderem mercado.
(Por Fabiana Chagas)
Com o objetivo de proteger e incentivar a produção nacional de carros, preservando empregos e estimulando a evolução tecnológica, o governo anunciou no dia 15 de setembro o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados. A medida, que prevê 30% de aumento, já está válida desde o dia 16 do mesmo mês, o que foi questionado pelo presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), José Luiz Gandini. "Em questões de impostos como IPI, as mudanças só podem acontecer após 90 dias do anúncio", contestou o presidente.
Carros importados de países do Mercosul e do México não serão afetados e os produtos das montadoras que fizerem investimento local em tecnologia, usarem 65% de componentes feitos no Mercosul e cumprirem no mínimo seis, das 11 etapas de produção do automóvel, também ficarão isentos do aumento do IPI. Para a Abeiva, em carta destinada à presidente Dilma Rousseff, trata-se de uma ação protecionista às montadoras locais (que são as maiores importadoras) e ao mesmo tempo inviabiliza comercialmente o setor de importação de veículos automotores.
Para Diego Lima, designer industrial apaixonado por carros importados, essa mudança é um absurdo: “Ao invés do governo subir os impostos para não perder mercado, poderia diminuir os valores dos carros nacionais? Ridículo esse aumento. E é claro que só prejudica a classe média, pois quem tem dinheiro, vai continuar comprando com 30, 40 ou 50% de aumento”, aponta, indignado, Lima.
Emílio Alfiere, economista da Associação Comercial de São Paulo, afirma que do ponto de vista jurídico é uma ordem muito fraca. Para ele: “O mais correto em economia é usar mecanismos de mercado e não tarifários. Como o que está ocorrendo”.
Por enquanto, essa decisão do governo ainda não está afetando os compradores, pois as revendedoras de veículos ainda comercializam seus estoques sem mudanças no valor. Segundo a Assessoria de Imprensa da Jac Motors Brasil, empresa que passou a comercializar carros neste país no primeiro semestre de 2010, o movimento observado nas últimas semanas tem sido semelhante ao de outras e somente será possível projetar impactos no volume de vendas após tudo se estabelecer. Informa ainda que o maior prejudicado será o consumidor. “Quando se alija um competidor da disputa, naturalmente os concorrentes aumentam seus preços”. A montadora já anunciou uma fábrica na Bahia, que ficará pronta em 2014, com capacidade anual para produção de 100 mil veículos.
O Diretor de Relações Internacionais, Maurício José, está à procura de um novo carro e diz que mesmo com as mudanças é possível encontrar carros importados com preço baixo. "Conheço o desempenho dos importados porque já tenho um e nunca deu problema. Mesmo com o aumento ainda é possível encontrar outras marcas com bons preços e independentemente dos métodos que o governo use para diminuir as compras, quem gosta de importados sabe o quanto vale a pena", comenta o diretor.
Países como Japão e Coreia do Sul já se manifestaram junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida adotada pelo Brasil com relação aos importados. Ao consumidor, reserva-se a espera dos resultados.

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