Determinação do Governo causa impacto no mundo automotivo. Países do Mercosul e México estão de fora do aumento
Por Nathalia Alves e Fabiana Chagas
Concessionárias se planejam para não perderem mercado. (Por Fabiana Chagas) |
Carros importados de países do Mercosul e do México não serão afetados e os produtos das montadoras que fizerem investimento local em tecnologia, usarem 65% de componentes feitos no Mercosul e cumprirem no mínimo seis, das 11 etapas de produção do automóvel, também ficarão isentos do aumento do IPI. Para a Abeiva, em carta destinada à presidente Dilma Rousseff, trata-se de uma ação protecionista às montadoras locais (que são as maiores importadoras) e ao mesmo tempo inviabiliza comercialmente o setor de importação de veículos automotores.
Para Diego Lima, designer industrial apaixonado por carros importados, essa mudança é um absurdo: “Ao invés do governo subir os impostos para não perder mercado, poderia diminuir os valores dos carros nacionais? Ridículo esse aumento. E é claro que só prejudica a classe média, pois quem tem dinheiro, vai continuar comprando com 30, 40 ou 50% de aumento”, aponta, indignado, Lima.
Emílio Alfiere, economista da Associação Comercial de São Paulo, afirma que do ponto de vista jurídico é uma ordem muito fraca. Para ele: “O mais correto em economia é usar mecanismos de mercado e não tarifários. Como o que está ocorrendo”.
Por enquanto, essa decisão do governo ainda não está afetando os compradores, pois as revendedoras de veículos ainda comercializam seus estoques sem mudanças no valor. Segundo a Assessoria de Imprensa da Jac Motors Brasil, empresa que passou a comercializar carros neste país no primeiro semestre de 2010, o movimento observado nas últimas semanas tem sido semelhante ao de outras e somente será possível projetar impactos no volume de vendas após tudo se estabelecer. Informa ainda que o maior prejudicado será o consumidor. “Quando se alija um competidor da disputa, naturalmente os concorrentes aumentam seus preços”. A montadora já anunciou uma fábrica na Bahia, que ficará pronta em 2014, com capacidade anual para produção de 100 mil veículos.
O Diretor de Relações Internacionais, Maurício José, está à procura de um novo carro e diz que mesmo com as mudanças é possível encontrar carros importados com preço baixo. "Conheço o desempenho dos importados porque já tenho um e nunca deu problema. Mesmo com o aumento ainda é possível encontrar outras marcas com bons preços e independentemente dos métodos que o governo use para diminuir as compras, quem gosta de importados sabe o quanto vale a pena", comenta o diretor.
Países como Japão e Coreia do Sul já se manifestaram junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida adotada pelo Brasil com relação aos importados. Ao consumidor, reserva-se a espera dos resultados.
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