Ônibus-biblioteca traça rota de conhecimento

quarta-feira, 18 de abril de 2012


O projeto da Prefeitura de São Paulo segue um roteiro de cultura, oferecendo acesso a gibis, livros e periódicos gratuitamente

Por Daniele Motta, Déborah Aranhos e Vitor Silveira

O ônibus traz cultura e conhecimento
para a população de várias regiões
de São Paulo (Déborah Aranhos)
O programa ônibus-biblioteca conta com 12 veículos para atender as regiões da cidade (norte, sul, leste e oeste), seguindo uma rota pré-estabelecida. É possível retirar as obras e devolvê-las uma semana depois, quando o ônibus voltar ao local.
O percurso atende a 72 pontos da cidade de São Paulo, dos quais, 24 são na Zona Leste. “Tentamos atender a maior parte dos pedidos da população, mas nem sempre é possível. Às vezes, já existe uma biblioteca pública próxima ou é em uma ladeira muito íngreme, ou uma rua muito estreita onde o ônibus não passa. Por isso, fazemos um estudo da localidade e do movimento na região, pois tentamos atender o maior número de pessoas”, explica Marta Nosé Ferreira, coordenadora do projeto. 
Para participar do programa, é necessário apresentar RG e um comprovante de residência. “Mas, se a pessoa não tiver nenhum dos dois, pode fazer a matrícula da mesma forma. Não proibimos ninguém de ter acesso aos livros, pois atendemos pessoas em situações críticas, como moradores de rua, ex-presidiários ou pessoas que tiveram suas casas alagadas”, esclarece Marta. 

O público é composto em maior parte, por crianças
 como Mateus Aparecido Alves da Silva Pereira, 9, que participa do projeto desde seus 5 anos. “O ônibus tem bastante livros legais. Os que eu mais gosto são revistas de super-herói”, relata Mateus.
Mãe e filho curtem juntos os livros
 disponibilizados pelo projeto
 (Déborah Aranhos)

O projeto encontra dificuldades em casos em que os pais querem proibir seus filhos de ler. “A experiência mais marcante que vivi no ônibus foi uma criança que chegou aqui chorando, falando que a mãe dela não queria permitir que ela lesse como uma forma de punição e a criança teve que pegar livros escondida. Outra criança chegou com um livro encharcado, que a mãe o molhou para que brigássemos com ela e ela não pudesse mais pegar os livros”, relata Cícero Danilo da Silva, 24, coordenador do roteiro da Leste 1.

Mas, com Jacileide Alves da Silva Pereira, 47, mãe de Mateus, é diferente. Ela incentiva seus filhos à prática da leitura e os acompanha até o ônibus. “Acho importante ter esse ônibus e acho que ele não deve sair daqui, já que não podemos ir à biblioteca, comprar livros, viemos aqui, pegamos os livros e fazemos a leitura em casa. Quando tenho tempo, até leio com ele”, relata Jacileide.

 A iniciativa nasceu em 1935, quando Mário de Andrade convenceu o então prefeito, Fábio Prado, da necessidade de levar livros à população, através de uma unidade móvel. O projeto foi interrompido durante a Segunda Guerra, mas, desde 1979, voltou a atender à população. 

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