O projeto da Prefeitura de São Paulo
segue um roteiro de cultura, oferecendo acesso a gibis, livros e periódicos gratuitamente
Por Daniele Motta, Déborah Aranhos e Vitor Silveira
O ônibus traz cultura e conhecimento para a população de várias regiões de São Paulo (Déborah Aranhos) |
O programa ônibus-biblioteca conta com 12 veículos para atender as
regiões da cidade (norte, sul, leste e oeste), seguindo uma rota
pré-estabelecida. É possível retirar as obras e
devolvê-las uma semana depois, quando o ônibus voltar ao local.
O percurso atende a 72 pontos da cidade de São Paulo, dos quais, 24 são
na Zona Leste. “Tentamos atender a maior parte dos pedidos da população, mas
nem sempre é possível. Às vezes, já existe uma biblioteca pública próxima ou é
em uma ladeira muito íngreme, ou uma rua muito estreita onde o ônibus não
passa. Por isso, fazemos um estudo da localidade e do movimento na região, pois
tentamos atender o maior número de pessoas”, explica Marta Nosé Ferreira,
coordenadora do projeto.
Para participar do programa, é necessário
apresentar RG e um comprovante de residência. “Mas, se a pessoa não tiver
nenhum dos dois, pode fazer a matrícula da mesma forma. Não proibimos ninguém
de ter acesso aos livros, pois atendemos pessoas em situações críticas, como
moradores de rua, ex-presidiários ou pessoas que tiveram suas casas alagadas”,
esclarece Marta.
O público é composto em maior parte, por crianças como Mateus Aparecido Alves da Silva Pereira, 9, que participa do projeto desde seus 5 anos. “O ônibus tem bastante livros legais. Os que eu mais gosto são revistas de super-herói”, relata Mateus.
O público é composto em maior parte, por crianças como Mateus Aparecido Alves da Silva Pereira, 9, que participa do projeto desde seus 5 anos. “O ônibus tem bastante livros legais. Os que eu mais gosto são revistas de super-herói”, relata Mateus.
Mãe e filho curtem juntos os livros disponibilizados pelo projeto (Déborah Aranhos) |
O projeto encontra dificuldades em casos em que os
pais querem proibir seus filhos de ler. “A experiência mais marcante que vivi
no ônibus foi uma criança que chegou aqui chorando, falando que a mãe dela não
queria permitir que ela lesse como uma forma de punição e a criança teve que
pegar livros escondida. Outra criança chegou com um livro encharcado, que a mãe
o molhou para que brigássemos com ela e ela não pudesse mais pegar os livros”,
relata Cícero Danilo da Silva, 24, coordenador do roteiro da Leste 1.
Mas, com Jacileide Alves da Silva Pereira, 47, mãe
de Mateus, é diferente. Ela incentiva seus filhos à prática da leitura e os
acompanha até o ônibus. “Acho importante ter esse ônibus e acho que ele não
deve sair daqui, já que não podemos ir à biblioteca, comprar livros, viemos
aqui, pegamos os livros e fazemos a leitura em casa. Quando tenho tempo, até
leio com ele”, relata Jacileide.
A iniciativa nasceu em 1935, quando Mário de
Andrade convenceu o então prefeito, Fábio Prado, da necessidade de levar livros
à população, através de uma unidade móvel. O projeto foi interrompido durante a
Segunda Guerra, mas, desde 1979, voltou a atender à população.
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