Rádios Comunitárias levam cultura para Zona Leste

segunda-feira, 18 de junho de 2012


Criadas para dar voz ao povo, esse meio de comunicação foca em cultura, problemas sociais, informação e lazer

Por Estefano Perez, Gustavo Oliveira e Joaz Nunes


Um dos bairros mais populosos da Zona Leste, 
Itaquera, ganhou voz com as rádios comunitárias.
(Estefano Perez)
Cada dia aumenta a popularidade das rádios comunitárias na zona leste da capital. Com uma linguagem popular, participação assídua dos ouvintes e uma programação voltada para interesses do bairro, as rádios levam, além de informação, cultura e educação para São Paulo. Assim acontece na RC Itaquera, a rádio comunitária de um dos bairros mais importantes do extremo leste da capital.

O presidente da RC Itaquera Paulo Ferraz, 54, explica que o público ainda não entende muito bem a função desse meio. "As pessoas confundem rádio pirata com rádio comunitária. Na rádio pirata, cada uma tem suas regras. Na rádio comunitária, as regras são o que está na lei”.
Rádio comunitária é uma emissora sonora em FM, sem fins lucrativos, com potência limitada a 25W e que é regida pela lei 9.621 de 1998. "O primeiro artigo da lei das rádios comunitárias diz que a rádio comunitária existe para levar voz à sua comunidade", explica Ferraz. O exercício de cidadania e a valorização da cultura local estão sempre em pauta na programação das rádios comunitárias. Debates entre especialistas e moradores, divulgações de apresentações teatrais ou musicais do bairro e até mesmo participações dos ouvintes ao vivo na rádio através do telefone, são marcas registradas das rádios da comunidade.

A RC Itaquera promove diversas 
atividades culturais da comunidade.
(Estefano Perez)

A dona de casa Iraci Macário dos Santos, 66, é ouvinte fiel da RCI e conta que é muito importante essa interação do ouvinte com a rádio. "Gosto da participação das pessoas, que ligam para a rádio. Todo dia eu ligo. É a primeira coisa que eu faço quando chego em casa”. Iraci também diz que a rádio sempre publica os acontecimentos da região. “Eles sempre falam para nós tudo que acontece no bairro”.

Um fator relevante no crescimento desse segmento foi a internet. O sinal de uma rádio comunitária é baixo e só atinge parte do bairro. Porém, com a veiculação do sinal digital pela internet, os internautas podem acompanhar a programação mesmo sem estarem na região da rádio. “Eu já morei em Itaquera, mas, como me mudei para outro bairro, agora só ouço a RCI online”, conta a estudante Giulianna Bandeira, 19, que prefere as rádios comunitárias às convencionais. “Gosto mais das rádios de bairro. Elas mostram os eventos da comunidade, shows, tocam músicas populares, elas falam mais a nossa língua”, explica Giulianna.

Outra contribuição importante para a cultura é a valorização de grupos artísticos que têm programas próprios nas rádios comunitárias. Hip hop, samba, rap, entre outros, ganham espaços na programação e podem exibir seu trabalho para a comunidade. São frequentes as divulgações gratuitas de bandas regionais ou de shows no intervalo da programação. A inserção de conteúdos de cunho religioso na programação das rádios também é grande. Algumas delas chegam a dedicar até 40% de seu tempo nesse segmento e normalmente isso ocorre devido ao público-alvo, que é composto normalmente por evangélicos e católicos da classe C e D.


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