Criadas para dar voz ao povo,
esse meio de comunicação foca em cultura, problemas sociais, informação e lazer
Por Estefano Perez, Gustavo Oliveira e Joaz Nunes
Um dos bairros mais populosos
da Zona Leste,
Itaquera, ganhou voz com as rádios comunitárias.
(Estefano Perez)
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Cada dia aumenta a popularidade
das rádios comunitárias na zona leste da capital. Com uma linguagem popular,
participação assídua dos ouvintes e uma programação voltada para interesses do
bairro, as rádios levam, além de informação, cultura e educação para São Paulo.
Assim acontece na RC Itaquera, a rádio comunitária de um dos bairros mais
importantes do extremo leste da capital.
O presidente da RC Itaquera
Paulo Ferraz, 54, explica que o público ainda não entende muito bem a função
desse meio. "As pessoas confundem rádio pirata com rádio comunitária. Na
rádio pirata, cada uma tem suas regras. Na rádio comunitária, as regras são o
que está na lei”.
Rádio comunitária é uma
emissora sonora em FM, sem fins lucrativos, com potência limitada a 25W e que é
regida pela lei 9.621 de 1998. "O primeiro artigo da lei das rádios
comunitárias diz que a rádio comunitária existe para levar voz à sua
comunidade", explica Ferraz. O exercício de cidadania e a valorização da
cultura local estão sempre em pauta na programação das rádios comunitárias.
Debates entre especialistas e moradores, divulgações de apresentações teatrais
ou musicais do bairro e até mesmo participações dos ouvintes ao vivo na rádio
através do telefone, são marcas registradas das rádios da comunidade.
A RC Itaquera promove diversas
atividades culturais da comunidade.
(Estefano Perez)
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A dona de casa Iraci Macário
dos Santos, 66, é ouvinte fiel da RCI e conta que é muito importante essa
interação do ouvinte com a rádio. "Gosto da participação das pessoas, que
ligam para a rádio. Todo dia eu ligo. É a primeira coisa que eu faço quando chego
em casa”. Iraci também diz que a rádio sempre publica os acontecimentos da
região. “Eles sempre falam para nós tudo que acontece no bairro”.
Um fator relevante no
crescimento desse segmento foi a internet. O sinal de uma rádio comunitária é
baixo e só atinge parte do bairro. Porém, com a veiculação do sinal digital
pela internet, os internautas podem acompanhar a programação mesmo sem estarem
na região da rádio. “Eu já morei em Itaquera, mas, como me mudei para outro
bairro, agora só ouço a RCI online”, conta a estudante Giulianna Bandeira, 19,
que prefere as rádios comunitárias às convencionais. “Gosto mais das rádios de
bairro. Elas mostram os eventos da comunidade, shows, tocam músicas populares,
elas falam mais a nossa língua”, explica Giulianna.
Outra contribuição importante
para a cultura é a valorização de grupos artísticos que têm programas próprios
nas rádios comunitárias. Hip hop, samba, rap, entre outros, ganham espaços na
programação e podem exibir seu trabalho para a comunidade. São frequentes as divulgações
gratuitas de bandas regionais ou de shows no intervalo da programação. A
inserção de conteúdos de cunho religioso na programação das rádios também é
grande. Algumas delas chegam a dedicar até 40% de seu tempo nesse segmento e
normalmente isso ocorre devido ao público-alvo, que é composto normalmente por
evangélicos e católicos da classe C e D.
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