Futebol é coisa de mulher

terça-feira, 18 de setembro de 2012

(Banco de Imagens)


Crônica: Esportes

Ela sempre gostou disso muito mais que eu. Aliás, eu nunca tive paciência pra acompanhar sua animação quando o assunto tratado era esse.  No nosso círculo de amigos, todos estranhavam o fato de eu ser tão diferente dela. E dela ter pensamentos tão distintos dos da maioria das mulheres. E de eu ser o oposto dos homens comuns. Mas mesmo assim sempre nos demos muito bem.

Nosso quinto aniversário de casamento caiu em um lindo domingo de sol, e eu estava disposto a fazer o que ela quisesse para ser feliz. Fazer um piquenique no parque, sair pra jantar, comprar presentes, o que ela desejasse. Só que tinha algo diferente neste lindo domingo de sol que a fez esquecer-se de todas essas coisas que as mulheres sempre fazem questão de lembrar.

Antes da nossa “Bodas de Madeira”, eu sempre a via com os olhos vidrados em algo que não faria diferença em sua vida, nem na vida de ninguém, mas todos estavam sempre lá, espectadores assíduos nas quartas-feiras à noite e nas tardes de domingo – menos eu. Não queria aceitar que nosso aniversário de matrimônio fosse  interrompido por uma final de Campeonato, mesmo que o time em campo fosse o time do coração dela, aquele que ocupa o outro lado do peito do qual eu não faço parte.

Antes que me perguntem, não tenho ciúmes do seu fanatismo pelo futebol, não senhor. Apenas acho um exagero uma pessoa viver em função disso: ficar alegre se o time vence e deprimida se o time perde. Tem várias outras coisas mais importantes com as quais se preocupar, mas parece que eu sou um dos poucos que pensa assim.  O que eu tenho de diferente de toda a população dessa nação verde-e-amarela?

Quando eu percebi que ela simplesmente havia esquecido dessa data especial por conta de sua paixão futebolística, fiquei decepcionado.  E o pior é que quando eu casei sabia que seria assim, que eu teria que lidar com isso se eu quisesse tê-la ao meu lado. Aos 45 do segundo tempo, resolvi lembra-la que aquele domingo trazia algo tão ou mais importante que aquele jogo de futebol. Ela soltou um longo e sonoro GOOOOOL e não deu bola para o que eu acabava de lhe dizer, seu time acabava de vencer o Campeonato.

Por Suellen Grangeiro 

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