Não sei de nada

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

(Banco de Imagens)


Artigo: Política

A contradição presente no discurso de Lula a respeito do mensalão evidencia as duas faces de um ex-presidente capaz de tudo pelo poder. A época em que o mensalão foi ‘desmascarado’ pela mídia em 2005, Lula jurou que não sabia de nada e prometeu punir, sem dó nem piedade, os envolvidos no escândalo, entre eles o chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente do PT, José Genoino. Mas sete anos depois, para não perder votos nas eleições municipais, o ex-presidente ‘virou a fita’ e passou a afirmar que o mensalão não existiu.

Para entender as contradições no jeito Lula de governar, é preciso voltar ao tempo. Em seu quintal, ou melhor, no gabinete ao lado, Dirceu e Genoino negociavam propina em troca de apoio político em votações favoráveis ao governo na Câmara e no Senado. Porém, insatisfeito com a situação, Roberto Jefferson denunciou o esquema e, surge a partir daí, o mensalão.

Lula bem que tentou passar a ‘mão na cabeça’ dos chefes do mensalão, mas as denúncias contra eles eram mais do que simples suspeitas, eram fatos. A imagem do presidente já começava a se desgastar e, para não sofrer as consequências em sua campanha a reeleição, Lula com uma enorme ‘dor no peito’ demitiu o chefe da Casa Civil, José Dirceu, e Genoino deixou a presidência do partido.

Mas o momento mais ‘cômico’ e ‘patético’ de Lula no episódio do mensalão aconteceu em 12 de agosto de 2005. Tentando passar a imagem do ‘não sei de nada’ Lula invade a casa dos brasileiros em um pronunciamento em rede aberta de Rádio e Televisão. Constrangido, pálido, abatido, parecendo não saber para onde dirigir o olhar e levemente trêmulo (atribuições de um excelente ator), Lula declarou que fora “traído” e implorou “desculpas” aos brasileiros.  Um explícito reconhecimento de que o mensalão existiu.
O tempo passou, Lula deixou a presidência em 2010, mas não abandonou a ganância pelo poder, pelo contrário, Lula quer comandar o Estado mais rico do país: São Paulo.

Entretanto a ‘máscara’ do ex-presidente e chefe do maior escândalo de corrupção no Brasil, começa a cair com o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele, ameaçando o ministro Gilmar Mendes, até tentou adiar o julgamento para depois das eleições municipais, mas não teve sucesso, mesmo depois da demora do ministro e amigo de Lula, Ricardo Lewandowski, para a entrega da revisão do processo. 

Com medo de o julgamento prejudicar suas ambições de poder, Lula pediu insistentemente votos a seus candidatos, principalmente, para o ex-ministro da Educação e aspirante a prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.

Até então Lula evitava tocar no assunto mensalão, enquanto o Supremo julgava e condenava seus aliados políticos. Mas na reta final do primeiro turno, o então ‘não sei de nada’ resolveu falar e mudou radicalmente o discurso que promovia à época que estava à frente do Palácio do Planalto.

A primeira mudança aconteceu em entrevista ao jornal americano The New York Times onde declarou que o “mensalão não existiu”. Entretanto nem o jornal acreditou em suas palavras e publicou: “Lula defende publicamente os envolvidos no maior escândalo de corrupção do Brasil.”. Portanto, o ex ‘não sei de nada’ não parou por aí. Durante comício do afilhado político, Fernando Haddad, Lula disse que ninguém deve ter vergonha do julgamento do mensalão, mas sim “orgulho”. Uma mudança radical no discurso proferido em 2005.

Diante desta contradição eu pergunto: se não houve o mensalão, por que diabo o pedido de desculpas em 2005? Ah sim, talvez Lula esteja passando por uma crise de personalidade ou é pura ‘cara de pau’ mesmo.

Por Efraim Caetano 

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