A automutilação da profissão
A PEC 33/2009 que reestabelece a obrigatoriedade de diploma para a profissão
de jornalista, está a um passo de ser regulamentada oficialmente e derrubar de vez
a decisão do Supremo Tribunal Federal que em 2009, destituiu de forma arbitrária
a exigência do diploma para exercício da função de jornalista no país. Os ministros
do STF e pasmem alguns veículos de comunicação renomados, argumentam que a
obrigatoriedade de formação superior em jornalismo é inconstitucional, pois se trata de
restringir a liberdade de expressão e informação na imprensa brasileira. Eles afirmam
que países desenvolvidos não exigem o diploma e que qualquer pessoa de nível superior
tem capacidade técnica e senso crítico para exercer a profissão, explanando suas ideias
através da prática jornalística.
É lamentável que parlamentares e até mesmo profissionais da área de
comunicação se assumam favoráveis à extinção do diploma, alegando que o jornalismo
não é uma ciência e que o exercício de sua profissão não exija cuidados e critérios
éticos para compor a boa informação. Além dessas alegações infundadas, eles afirmam
que a exigência do diploma é fruto de um corporativismo sindicalista e universitário,
buscando apenas interesses financeiros. Realmente está clara a existência de um
interesse corporativista, interesse este que vai desvalorizar a profissão, já que as
empresas de comunicação poderão recrutar e remunerar “jornalistas” com baixos
salários, oferecendo péssimas condições de trabalho e ainda contribuir para uma
concorrência desleal para aqueles que se empenharam em buscar uma formação
qualificada. Apenas um profissional formado na área entende o real valor de sua
produção intelectual e saberá exigir as condições mínimas necessárias para que ela
aconteça, assumindo com responsabilidade seus textos e produções informativas. O
profissional graduado em jornalismo entende que sua conduta diante da sociedade é de
formador de opinião é que para isso exigem critérios compreendidos ao longo de sua
vida acadêmica.
O jornalismo como em qualquer outra ciência exige a aprendizagem de técnicas
e saberes específicos para manusear sua matéria prima essencial: a informação, isso é
credibilizar a imprensa. É necessário muito mais do que um senso crítico, habilidade
que se espera de qualquer ser humano letrado, o jornalista precisa ter sensibilidade e
responsabilidade para relatar os fatos protagonizados pelos agentes sociais que compõe
a sociedade para qual trabalha, este compromisso só os jornalistas bem orientados
compreendem.
Todos os que são contra alegam que o fim do diploma garante exercício de
democracia, mas na verdade estão desencorajando a verdadeira imprensa livre, sadia e
bem forjada pronta para lutar contra as desigualdades e imoralidades deste país.
Ana Paula Sciolli.
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