Editorial: O masoquismo da imprensa

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A automutilação da profissão


A PEC 33/2009 que reestabelece a obrigatoriedade de diploma para a profissão 

de jornalista, está a um passo de ser regulamentada oficialmente e derrubar de vez 

a decisão do Supremo Tribunal Federal que em 2009, destituiu de forma arbitrária 

a exigência do diploma para exercício da função de jornalista no país. Os ministros 

do STF e pasmem alguns veículos de comunicação renomados, argumentam que a 

obrigatoriedade de formação superior em jornalismo é inconstitucional, pois se trata de 

restringir a liberdade de expressão e informação na imprensa brasileira. Eles afirmam 

que países desenvolvidos não exigem o diploma e que qualquer pessoa de nível superior 

tem capacidade técnica e senso crítico para exercer a profissão, explanando suas ideias 

através da prática jornalística.

É lamentável que parlamentares e até mesmo profissionais da área de 

comunicação se assumam favoráveis à extinção do diploma, alegando que o jornalismo 

não é uma ciência e que o exercício de sua profissão não exija cuidados e critérios 

éticos para compor a boa informação. Além dessas alegações infundadas, eles afirmam 

que a exigência do diploma é fruto de um corporativismo sindicalista e universitário, 

buscando apenas interesses financeiros. Realmente está clara a existência de um 

interesse corporativista, interesse este que vai desvalorizar a profissão, já que as 

empresas de comunicação poderão recrutar e remunerar “jornalistas” com baixos 

salários, oferecendo péssimas condições de trabalho e ainda contribuir para uma 

concorrência desleal para aqueles que se empenharam em buscar uma formação 

qualificada. Apenas um profissional formado na área entende o real valor de sua 

produção intelectual e saberá exigir as condições mínimas necessárias para que ela 

aconteça, assumindo com responsabilidade seus textos e produções informativas. O 

profissional graduado em jornalismo entende que sua conduta diante da sociedade é de 

formador de opinião é que para isso exigem critérios compreendidos ao longo de sua 

vida acadêmica. 

O jornalismo como em qualquer outra ciência exige a aprendizagem de técnicas 

e saberes específicos para manusear sua matéria prima essencial: a informação, isso é 

credibilizar a imprensa.  É necessário muito mais do que um senso crítico, habilidade 

que se espera de qualquer ser humano letrado, o jornalista precisa ter sensibilidade e 

responsabilidade para relatar os fatos protagonizados pelos agentes sociais que compõe 

a sociedade para qual trabalha, este compromisso só os jornalistas bem orientados 

compreendem. 

Todos os que são contra alegam que o fim do diploma garante exercício de 

democracia, mas na verdade estão desencorajando a verdadeira imprensa livre, sadia e 

bem forjada pronta para lutar contra as desigualdades e imoralidades deste país. 


                                                                              Ana Paula Sciolli.

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