Zona Leste sofre com falta de vagas nas creches

O problema se repete ano após ano e milhares de crianças ficam fora da escola por não conseguirem vaga

Por Sandra Mesquita

Embora a Prefeitura tenha feito investimentos na área da educação, as medidas adotadas não foram suficientes para resolver o problema da falta de vagas nas creches e escolas municipais. Dados da Secretaria Municipal de Educação (SME) apontam mais de 100 mil crianças fora da escola em todas as regiões da Cidade, inclusive na Zona Leste. A Diretoria de Ensino de São Miguel, que abrange entre outros, os bairros de Vl. Curuçá e São Miguel, conta com 127 creches, que atendem a 16.053 alunos, o que não é suficiente para zerar o déficit local.

Segundo Simone Carmona, assessora de imprensa e comunicação da SME, o número de matrículas saltou de 59 mil, em 2005, para 130 mil até o fim de 2010. “Só no último ano a fila de espera cresceu 34%”, afirma Carmona.


Cristina Vitor e o filho Guilherme:
após cinco meses de espera conseguiu uma 
vaga na creche. (Por Aline Maciel)



O tempo de espera pode levar meses. Esse foi o caso de Cristina Vitor, moradora do bairro de Vl. Curuçá Velha, que aguardava uma vaga para seu filho desde outubro de 2010. Após cinco meses, seu filho Guilherme finalmente foi contemplado. Mesmo aliviada, a mãe não esconde a preocupação com o desenvolvimento da criança. “O pior é ele ficar atrasado, estudar é um direito dele”, desabafa a mãe de Guilherme.

A burocracia no sistema de cadastramento de vagas é um dos problemas apontados por um secretário escolar, de uma unidade em São Miguel Paulista, que prefere não se identificar. “A unidade não tem autonomia para fazer uma matrícula. Muitas crianças não conseguem vaga porque seu CEP está desatualizado no sistema e não podemos fazer a alteração”, relata o funcionário.

Apesar de anunciar parceria com o Governo do Estado de São Paulo para construir 22 creches, que possibilitará a criação de quatro mil vagas, a Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses da Infância e Juventude de São Paulo propôs ação civil pública contra o prefeito Gilberto Kassab, responsabilizando-o pelo déficit de vagas em creches da cidade.