A arte de narrar histórias

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ao apoiar as práticas pedagógicas, o lúdico incentiva a expressão dos sentimentos afetivos e emocionais das crianças

Por Anselmo Duarte e Mirian Freitas
Paula Knoll usa técnicas de contar histórias
 com objetos do cotidiano. (Acervo próprio)
Quem observa as programações culturais da cidade de São Paulo pode notar que há sempre a previsão de narrações de histórias e seus contadores, com fantoches, livros na mão, demais acessórios ou até mesmo nenhum. Os contadores de histórias se destacam por diversos estilos e técnicas e por repassá-los aos professores, pais e educadores de um modo geral.
A atriz e contadora de histórias frequente da Rede SESC, Paula Knoll, afirma que o seu início na arte de contar histórias não foi pontual. “Procurava uma forma independente de exercitar o teatro. Exercitando as histórias na prática, entendi a diferença dessa linguagem e aí sim soube que estava fazendo contação de histórias e não teatro. Para contar não é necessário ser ator ou atriz”.
Paula transforma tacinhas de sobremesa e estojos em personagens recriando livros. Ela define qual é o melhor conto ou fábula: “Gosto de contar a boa história, que dá margem a várias interpretações e passa mensagens de valores universais, que podem ser contadas o ano inteiro, como sobre o meio ambiente”.
O professor Marcos Souza diverte com
técnicas interativas de narrar fábulas. (Acervo próprio)
A estagiária Gracielle Priscila Azevedo da Escola Municipal de Educação Infantil Caucásica ressaltou a importância de diversificar aulas de literatura, tendo aprendido fábulas com Paula em oficinas: “Tenho preferência pela O gato pirado, porque ele se transforma em outros bichos. As crianças se divertem com Cachinhos dourados e Os três porquinhos”.
Cada vez que se conta uma história há de considerar as influências do estado de espírito, do grupo, do lugar e da época. “Tive uma 5ª série que não queria saber de leitura, só bagunça. No dia que decidi contar histórias percebi que tinha em meu poder as palavras mágicas ‘Era uma vez’ e a partir daí o cenário mudou e para melhor” recorda o contador de histórias e professor da Escola Estadual Jardim das Oliveiras II no Itaim Paulista, Marcos Souza.

A psicopedagoga Maria
Elena acredita no valor do
lúdico na educação.
(Acervo próprio)
Assim, os professores têm descoberto o quanto podem dinamizar aulas. Maria Elena da Silva, psicopedagoga e diretora do Colégio Santa Clara, em Guarulhos, explica que as aulas expositivas acabam desmotivando e contribuindo para a dispersão de alguns alunos. “Através do lúdico a criança expressa seus sentimentos afetivo, cognitivo, social e emocional” diz a psicopedagoga.

O conteúdo também contado estimula o aprendizado brincando, confirma a aluna Aline Ferreira Costa, 11 anos. “Os alunos aprendem várias coisas interessantes, se divertem e também é um tempo para nós nos conhecermos melhor e falar sobre o que aprendemos com as histórias”.

Segundo Souza, a dica é descobrir a própria história. Buscar na infância o fio que irá conduzir ao mundo mágico das narrativas. “Uma vez que se conta uma história, não se pode parar”, afirma o professor.

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