Brasil perde 8 bilhões por não reciclar, diz pesquisa

segunda-feira, 16 de abril de 2012


Política de descarte e reutilização do lixo propõe uma cidade mais sustentável

Por Lucilene Oliveira, Suellen Grangeiro e Tamiris Gomes

Dados do Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2010 revelam que o país perde R$ 8 bilhões com o não aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos. Por conta desta estatística foi sancionada em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

José Valverde Machado Filho, diretor do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e autor do estudo que resultou na lei estadual e nacional de destinação de resíduos sólidos, aponta esta política como fator essencial na efetivação de uma cidade sustentável. “A lei Nacional de Resíduos sólidos tramitou no Congresso Nacional por mais de 20 anos, mas chegamos a um modelo de legislação, um conjunto de diretrizes para tratar desse tema”, afirmou.

Além da questão da sustentabilidade, a lei determina que até 2014 não haja lixões no Brasil e trás o viés econômico e social da reciclagem na implantação da logística reversa. “Essa é uma lei ambiental, social e econômica, com o intuito de construir um conceito de política pública”, disse o diretor.

Em 2010 foram gerados 60 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Só a cidade de São Paulo gera aproximadamente 15 a 17 mil de resíduos sólidos todos os dias. Destes 60 milhões 54 foram recolhidos e 57% foram enviados de maneira ambientalmente adequada ao aterro sanitário.

De acordo com Davi Amorim, do setor de comunicação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), a PNRS prevê uma responsabilidade compartilhada. “Antes o responsável pelos resíduos sólidos era só o município, hoje é também o morador, as empresas que produzem e o poder público. Então, é um aparato de responsabilidades”, avaliou.

Dentro disso, o movimento propõe que as cooperativas realizem seu trabalho não mais de maneira gratuita, mas que os catadores, como garante a lei, façam parte da cadeia de gestão de reciclagem. Em São Paulo existem 21 cooperativas que são conveniadas pela Prefeitura local e mais 108 grupos de catadores não formalizados, de cooperativas e associações, que trabalham coletivamente, porém, sem o suporte da Prefeitura.

A consulta pública “Você no Parlamento”, viabilizada pela Rede Nossa São Paulo e Câmara Municipal de São Paulo, mostrou que em relação ao tema “Consumo e Meio Ambiente”  75% dos entrevistados optaram pela implantação de coleta seletiva e reciclagem de lixo em toda a cidade. Para que isso ocorra, de forma que haja articulação entre as esferas do poder público, o engajamento das entidades setoriais e participação da sociedade, é preciso de organização. 

0 comentários:

Postar um comentário

 
RADAR JORNALÍSTICO | by TNB ©2011