Sempre gostei muito de
escrever. Desde a época do colégio escrevia diariamente, em casa, o que tinha
visto em sala de aula. Gostava muito de passar com mais calma o que tinha sido ensinado
pelos professores, mas a leitura de jornais/revistas teve um papel decisivo no
desenvolvimento dessa habilidade. A grande contribuição positiva que tive em
casa foi justamente o fato de minha mãe não ter aptidão para leitura, pelo fato
de não ter estudado no Brasil. Dessa forma, ela exigia a leitura diária dos
jornais em voz alta para que ela se mantivesse atualizada. Com o tempo, o que
parecia ser “chato”, foi determinante para o gosto pela leitura e escrita.
Saltando alguns anos, já nos primeiros semestres da faculdade (Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), lia
quinzenalmente o jornal escrito pelos discentes, chamado “O Visconde”. Isso foi
um convite para que eu começasse a escrever com relativa frequência para aquele
jornal. Comecei escrevendo temas relacionados à minha profissão de contador. Em
seguida, no segundo ano da faculdade, explorei temas mais abstratos, como, por
exemplo, a relação entre a Matemática, Leonardo Da Vinci e Luca Paccioli (para
muitos, o “pai” da contabilidade moderna). Tal artigo foi parar num site
contábil e, para minha surpresa, foi lido pelo professor, de saudosa memória,
Dr. Antônio Lopes de Sá, que me enviou um e-mail colocando à minha disposição
centenas de artigos da época Renascentista, que faziam parte de sua biblioteca
particular. Em 2004 mesmo iniciei uma pesquisa intensa e mais aprofundada sobre
o tema.
Após quatro anos, consegui a publicação do meu livro. Entretanto, precisei
bater na porta de aproximadamente 17 editoras, até que uma delas se
interessasse por ele. Existem várias dificuldades para publicar um livro em
qualquer lugar do planeta. Evidentemente, com a globalização e as novas
tecnologias, como o surgimento dos livros digitais (e-books), há outras
possibilidades de distribuição dos trabalhos dos escritores. O escritor
independente, como no meu caso, tem que correr atrás. Alguns participam de
editais e outras premiações para conseguir editar. Outros organizam coletâneas,
encontros de escritores, recitais etc. São possibilidades que escritores,
independente do porte de seus talentos, buscam para chegar aos leitores. No meu
caso, tive a felicidade de conhecer o dono da editora que, por ironia do
destino, gostava muito de Matemática. A sorte, nesse caso, foi um fator
decisivo.
Já meu segundo livro, dessa vez sobre Educação Financeira, foi mais fácil de
publicar, pelo fato de ter um apelo comercial mais forte. Este é outro ponto
importante para a publicação. Infelizmente, atualmente, o que importa para
algumas editoras é o apelo comercial dos livros e não a pesquisa e cultura
envolvidas. Um livro bom é um livro rentável e não bem escrito. É uma realidade
dura e cruel para os novos escritores.
Ahmed Khatib
Formado pela Escola de Economia, Administração e Contabilidade da USP, escritor e autor do livro 'Educação Financeira'
Formado pela Escola de Economia, Administração e Contabilidade da USP, escritor e autor do livro 'Educação Financeira'
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