O gosto pela escrita e os desafios da publicação independente

domingo, 8 de abril de 2012




Sempre gostei muito de escrever. Desde a época do colégio escrevia diariamente, em casa, o que tinha visto em sala de aula. Gostava muito de passar com mais calma o que tinha sido ensinado pelos professores, mas a leitura de jornais/revistas teve um papel decisivo no desenvolvimento dessa habilidade. A grande contribuição positiva que tive em casa foi justamente o fato de minha mãe não ter aptidão para leitura, pelo fato de não ter estudado no Brasil. Dessa forma, ela exigia a leitura diária dos jornais em voz alta para que ela se mantivesse atualizada. Com o tempo, o que parecia ser “chato”, foi determinante para o gosto pela leitura e escrita.

        Saltando alguns anos, já nos primeiros semestres da faculdade (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), lia quinzenalmente o jornal escrito pelos discentes, chamado “O Visconde”. Isso foi um convite para que eu começasse a escrever com relativa frequência para aquele jornal. Comecei escrevendo temas relacionados à minha profissão de contador. Em seguida, no segundo ano da faculdade, explorei temas mais abstratos, como, por exemplo, a relação entre a Matemática, Leonardo Da Vinci e Luca Paccioli (para muitos, o “pai” da contabilidade moderna). Tal artigo foi parar num site contábil e, para minha surpresa, foi lido pelo professor, de saudosa memória, Dr. Antônio Lopes de Sá, que me enviou um e-mail colocando à minha disposição centenas de artigos da época Renascentista, que faziam parte de sua biblioteca particular. Em 2004 mesmo iniciei uma pesquisa intensa e mais aprofundada sobre o tema.

        Após quatro anos, consegui a publicação do meu livro. Entretanto, precisei bater na porta de aproximadamente 17 editoras, até que uma delas se interessasse por ele. Existem várias dificuldades para publicar um livro em qualquer lugar do planeta. Evidentemente, com a globalização e as novas tecnologias, como o surgimento dos livros digitais (e-books), há outras possibilidades de distribuição dos trabalhos dos escritores. O escritor independente, como no meu caso, tem que correr atrás. Alguns participam de editais e outras premiações para conseguir editar. Outros organizam coletâneas, encontros de escritores, recitais etc. São possibilidades que escritores, independente do porte de seus talentos, buscam para chegar aos leitores. No meu caso, tive a felicidade de conhecer o dono da editora que, por ironia do destino, gostava muito de Matemática. A sorte, nesse caso, foi um fator decisivo.

        Já meu segundo livro, dessa vez sobre Educação Financeira, foi mais fácil de publicar, pelo fato de ter um apelo comercial mais forte. Este é outro ponto importante para a publicação. Infelizmente, atualmente, o que importa para algumas editoras é o apelo comercial dos livros e não a pesquisa e cultura envolvidas. Um livro bom é um livro rentável e não bem escrito. É uma realidade dura e cruel para os novos escritores.



Ahmed Khatib
Formado pela Escola de Economia, Administração e Contabilidade da USP, escritor e autor do livro 'Educação Financeira'

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