Trazendo em suas apresentações críticas sociais ao Brasil, já fez apresentações em todas as regiões da cidade
Por Lucilene Oliveira, Suellen Grangeiro, Tamiris Gomes
Com música e emoção, atores encenam realidade do trabalho no Brasil (Tamiris Gomes) |
Uma tenda montada em meio às árvores do Clube Escola Tatuapé abriga um grupo de teatro formado por seis atores e mais quatro pessoas de apoio. O Engenho Teatral busca em suas apresentações fugir do tradicional teatro apresentado nos grandes centros, a começar pela forma como os artistas e plateia são acomodados. Não existe palco, os atores em cena ficam no centro e o público ocupa as cadeiras na frente e ao lado das cenas. “Tudo é diferente dos outros teatros, a iluminação, o preparo, além do dinamismo das cenas”, afirma a secretária escolar Evani Chagas dos Santos, 55.
Os espetáculos são criados e apresentados para um público-alvo das classes C e D que não possui o hábito de ir ao teatro com frequência seja pelo alto custo dos ingressos ou pela dificuldade de locomoção até os grandes teatros. A ideia do grupo é desenvolver um senso crítico na plateia com peças que satirizam os problemas sociais do Brasil, com inteligência e descontração. Em cartaz está a peça “Opereta de Botequim”, que, como o próprio nome já diz é um musical que tem como cenário um bar, onde o público tem uma aula sobre a história do Brasil, abordando o trabalho desde os primórdios da colonização até os dias atuais. Para a professora Viviane Sena dos Santos, 25, a peça traz uma reflexão sobre o papel do trabalhador na sociedade. “É angustiante ver como o trabalhador vem sendo explorado desde o ciclo do ouro, em 1700, até hoje”, comenta Viviane.
Luiz Carlos Moreira, um dos ativistas do projeto conta que o Engenho é um teatro de grupo, que foge da tradicional organização teatral. “No teatro de grupo o artista além de desempenhar diversos papeis, ele expõe os seus conceitos e visões no personagem que está desenvolvendo”.
Para os artistas, o teatro de grupo traz mais responsabilidades ao ator. “Não é simplesmente entrar no palco e encenar um papel. Aqui nós fazemos um discurso nosso, com o que eu penso e sinto. Depois da experiência com o teatro de grupo eu não me encaixaria nos espetáculos tradicionais, acho que eu seria uma pedra no sapato dos diretores e produtores”, conta o ator de “Opereta de Botequim”, Beto Nunes, 40.
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