Nas entrelinhas

terça-feira, 28 de agosto de 2012


Editorial: Cultura


A 22ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo ocorreu entre os dias 09 e 19 de agosto no pavilhão de exposições do Anhembi na zona norte. O tema deste ano foi “Porque os livros transformam o mundo” e teve como homenageados os escritores Jorge Amado e Nelson Rodrigues; e os 90 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. Como é possível perceber apenas com o tema dado ao evento, seu objetivo é difundir a leitura e a apreciação de livros, quesito no qual, infelizmente, a Bienal deixou a desejar.

Desde os valores dos ingressos, que aumentaram R$2,00 a inteira e R$1,00 a meia-entrada, a Bienal do Livro mostra-se como um evento elitizado. Em edições anteriores, encontrava-se facilmente livros de literatura infanto-juvenil, adulta, nacional e mundial a preços completamente acessíveis, alguns chegando a custar R$1,00. Na última edição, os livros infantis mais baratos custavam no mínimo R$3,00. Quanto às obras dos homenageados, além de bastante difíceis de encontrar, custavam uma média de R$30,00, com algumas publicações chegando a R$90,00, enquanto em um sebo é possível encontrá-los por aproximadamente R$15,00. Além disso, nos stands, o valor dos livros erra correspondente ao das lojas, raramente encontrando-se valores promocionais.

Se um evento divulga a leitura e a paixão pela literatura, logo de cara espera-se que o mesmo tenha como público-alvo pessoas de baixa renda e difícil acesso à cultura leitora. No entanto, quando se trata da Bienal, não é o que tem acontecido. Mesmo tendo ônibus gratuitos saindo das estações Portuguesa-Tietê e Palmeiras-Barra Funda, pessoas que moram na Zona Leste, por exemplo, demoram para chegar por causa da distância. Há que se considerar um gasto enorme para chegar até o transporte gratuito e ainda tem que lidar com o inconveniente de, nos finais de semana,encontrar filas quilométricas para estes transportes.

Para a divulgação do evento, foi instalada na Praça da Repúblic,a a Máquina de Livros que efetuava a troca de livros usados por livros novos e a Zona Leste não recebeu tal iniciativa. A mobilização na região seria de suma importância, pois o acesso a livros é escasso, havendo carência de bibliotecas e de iniciativas de mobilização literária, além de acervos desatualizados.

Nós, da Agência Radar Jornalístico acreditamos que a elitização da Bienal do Livro é uma pena, pois o evento tem um potencial enorme para despertar em todas as pessoas o interesse pela leitura, ainda mais se tratando de um país em desenvolvimento e carente de informações, como é o caso do Brasil, que passou direto do analfabetismo para a frente da televisão, tornando-o, assim, um país de cidadãos facilmente manipuláveis.


Por Daniele Motta

0 comentários:

Postar um comentário

 
RADAR JORNALÍSTICO | by TNB ©2011