Editorial: Ciência e Tecnologia
Entra em vigor a partir
do próximo mês a nova lei da Ancine – Agência Nacional de Cinema, que
reorganiza a grade de programação das TVs por assinatura do país. A lei,
aprovada em setembro do ano passado, regulamenta a presença de conteúdo
nacional nos pacotes oferecidos pelas operadoras e na programação oferecida
pelos canais, mesmo estrangeiros.
Com a nova legislação,
até o dia 12 de setembro as operadoras precisam incluir um canal brasileiro a
cada nove estrangeiros. A partir do dia 13, a cada seis. Trata-se de um estímulo
muito bem-vindo e necessário. A produção brasileira no entretenimento ainda é pouco
explorada, esbarrando em problemas como a falta de patrocínio, de estrutura e
de espaço para divulgação. Nossos
cineastas – e futuros profissionais da área – precisam dessa ampliação no campo,
para que bons projetos se desenvolvam sem a necessidade de buscar apoio fora do
país.
O problema está no fato
de que a tecnologia da TV a cabo continua indisponível para grande parte do
país. Embora no primeiro semestre de 2012 a TV por assinatura tenha crescido
31%, a marca de 14,8 milhões de domicílios ainda representa muito pouco da
população brasileira: cerca de 7 a cada 100 habitantes. Mesmo a otimista
previsão da Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, que aponta 17 milhões
de casas com TV paga até o fim do ano, continua pequena. De que adianta
incentivar a produção de cultura se ela não alcançará todos os públicos?
Na Zona Leste de São
Paulo, em diversos bairros é impossível assinar os serviços de uma operadora de
TV digital, principalmente com os famosos combos que unem televisão e internet.
Em alguns lugares, o serviço chega parcialmente: uma rua pode ter sinal e sua
rua vizinha não, outras têm cabeamento apenas até a esquina x. Pacotes
promocionais, como o Net Combo, também são restritos – há regiões onde o sinal da
televisão chega, mas o cabeamento para a internet não. Qual o sentido de baixar
o preço do serviço e não levá-lo onde ele é necessário?
Ficamos
à mercê da programação da TV aberta, que cada vez mais se torna sinônimo de
alienação, enquanto a TV paga abre espaço para canais educativos e de
entretenimento. A Radar Jornalístico
se preocupa com a qualidade da cultura oferecida na região Leste de São Paulo e
nos demais lugares que a TV a cabo não alcança. O incentivo à cultura
brasileira precisa urgentemente se aliar à preocupação de divulgá-la em todos
os cantos da cidade e do país. A televisão é um instrumento de comunicação
muito poderoso para continuar inacessível a tantos.
Por Aline Romero
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