Só ali na esquina

quarta-feira, 29 de agosto de 2012




Editorial: Ciência e Tecnologia

Entra em vigor a partir do próximo mês a nova lei da Ancine – Agência Nacional de Cinema, que reorganiza a grade de programação das TVs por assinatura do país. A lei, aprovada em setembro do ano passado, regulamenta a presença de conteúdo nacional nos pacotes oferecidos pelas operadoras e na programação oferecida pelos canais, mesmo estrangeiros.

Com a nova legislação, até o dia 12 de setembro as operadoras precisam incluir um canal brasileiro a cada nove estrangeiros. A partir do dia 13, a cada seis. Trata-se de um estímulo muito bem-vindo e necessário. A produção brasileira no entretenimento ainda é pouco explorada, esbarrando em problemas como a falta de patrocínio, de estrutura e de espaço para divulgação.  Nossos cineastas – e futuros profissionais da área – precisam dessa ampliação no campo, para que bons projetos se desenvolvam sem a necessidade de buscar apoio fora do país.

O problema está no fato de que a tecnologia da TV a cabo continua indisponível para grande parte do país. Embora no primeiro semestre de 2012 a TV por assinatura tenha crescido 31%, a marca de 14,8 milhões de domicílios ainda representa muito pouco da população brasileira: cerca de 7 a cada 100 habitantes. Mesmo a otimista previsão da Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel, que aponta 17 milhões de casas com TV paga até o fim do ano, continua pequena. De que adianta incentivar a produção de cultura se ela não alcançará todos os públicos?

Na Zona Leste de São Paulo, em diversos bairros é impossível assinar os serviços de uma operadora de TV digital, principalmente com os famosos combos que unem televisão e internet. Em alguns lugares, o serviço chega parcialmente: uma rua pode ter sinal e sua rua vizinha não, outras têm cabeamento apenas até a esquina x. Pacotes promocionais, como o Net Combo, também são restritos – há regiões onde o sinal da televisão chega, mas o cabeamento para a internet não. Qual o sentido de baixar o preço do serviço e não levá-lo onde ele é necessário?

Ficamos à mercê da programação da TV aberta, que cada vez mais se torna sinônimo de alienação, enquanto a TV paga abre espaço para canais educativos e de entretenimento. A Radar Jornalístico se preocupa com a qualidade da cultura oferecida na região Leste de São Paulo e nos demais lugares que a TV a cabo não alcança. O incentivo à cultura brasileira precisa urgentemente se aliar à preocupação de divulgá-la em todos os cantos da cidade e do país. A televisão é um instrumento de comunicação muito poderoso para continuar inacessível a tantos.

 Por Aline Romero

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