Uma cultura que não se restringe à caça, pesca e dança da chuva

terça-feira, 23 de outubro de 2012

(Banco de Imagens)

Artigo: Cultura

A concepção da cultura indígena no ensino fundamental brasileiro precisa evoluir de uma visão simplista e estereotipada para uma visão plural e complexa. Ao digitar “Qual a importância da preservação cultura indígena?” em um site de perguntas e respostas na internet, me deparei com uma única resposta disponível, enviada por um internauta desconhecido: “Nenhuma. Pode responder isso por minha conta na prova, que seu professor vai te dar nota máxima”.
Será este o aprendizado que nossas crianças têm nas escolas? Ou nem mesmo há um aprendizado sobre estes povos tão importantes para a cultura nacional? Se um aluno acredita que seu professor lhe daria nota máxima respondendo desta maneira, é porque tem algo de errado na forma como este profissional lhe ensina a história brasileira.

A Lei n° 11.645/08 tornou obrigatório o ensino da história e da cultura indígena nas escolas.  Já se passou quatro anos e, desde então, não se nota uma mudança na postura das escolas perante o tema. Todos sabem que há a necessidade de trabalhar de forma adequada a história e a cultura indígena na sala de aula, mas não conseguem fugir dos mesmos estereótipos de sempre.

O professor deve ensinar seus alunos, principalmente os mais novos, a não desenvolver uma discriminação sobre qualquer coisa, mas com um aprendizado que não condiz com a realidade dos indígenas, estas crianças passam por um processo de não aceitação dos nativos. Há um pressuposto, por parte de professores e historiadores, para não trabalhar e pesquisar sobre os índios contemporâneos, por ser uma minoria com o destino já previsto pelo paradigma evolucionista (tese de extinção dos grupos indígenas, diz que a fragilidade destes homens primitivos diante do homem civilizado, os levaria ao desaparecimento).

O que acontece na sociedade atual é um esquecimento, ignoram estes povos, algumas pessoas nem lembram que eles existem e que fizeram parte do processo de colonização brasileiro. Ou seja, é como se eles realmente tivessem desaparecido, como prega o paradigma evolucionista.

 Os professores que abordam o tema dos índios em sala de aula costumam restringir-se ao índio de 1500 (o índio aparece como coadjuvante e não como sujeito histórico), esquecendo que toda civilização passa por um processo de evolução, sofre influência de outras culturas e também as influencia. Para trabalhar com os indígenas contemporâneos, um bom método é utilizar matérias de jornais e revistas ou fazer uma pesquisa orientada na internet, colocando o foco nas principais discussões acerca destas sociedades na atualidade, em contraponto com seu passado.

A formação brasileira é sempre lembrada como uma miscigenação do negro, do índio e do branco, mas apesar disto, parece prevalecer a ideia de que o elemento lusitano foi o que moldou o brasileiro de hoje. A verdade é que a cultura brasileira tem muito mais da África e dos nativos indígenas, do que dos nossos colonizadores portugueses.
 
Por Suellen Grangeiro

1 comentários:

Aline Romero disse...

Muito bom, reflexão muito válida, parabéns!

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