Assunto
trouxe mais uma vez o polêmico tema da progressão continuada à tona
A nova
cartilha de diretrizes que vai reger o ensino municipal de São Paulo, criada
pelo ex-secretário Básico do MEC e atual Secretário Municipal de Educação
causou polêmica entre especialistas e professores da rede pública municipal. As
orientações vigentes, criadas em 2008, serão substituídas pelos chamados
‘Direitos de Aprendizagem’.
A
metodologia é chamada de Ler e Escrever, e pretende concentrar os esforços nos
primeiros anos de alfabetização. Uma das principais mudanças é a reprovação no
3.º ano do ensino fundamental – atualmente, caso a criança não seja considerada
apta a continuar é retida, mas isso só acontece quando chega ao 5.º ano. A
mudança trouxe novamente à tona as discussões sobre a progressão continuada,
ação que promove os alunos de série sem nenhuma avaliação criteriosa.
Professora
dos ciclos iniciais do ensino fundamental, séries que serão diretamente
afetadas com as novas mudanças, Ana Carolina Thadeu* diz que a mudança pode ser
positiva para os alunos. “A mudança pode ajudar com o tempo. Dando tempo de
rever as dificuldades, compreendendo-as no momento em que o aluno as tem, antes
que chegue aos últimos anos sentindo-se incapaz de aprender”.
Marlene
Martha, coordenadora pedagógica de uma escola que também atende alunos do ciclo
I, destaca dois pontos importantes na mudança. “Com a mudança do ciclo de 8ª
anos para 9 anos se faz necessário alterar etapas onde é necessário realizar a
avaliação de continuidade ou não de alunos – o ciclo de 8 anos prevê avaliação
e continuidade ou não na 4.ª ou 8.ª série – o que precisa ser mudado, o ciclo
de 9 anos exige uma nova dinâmica.” Do ponto de vista político, a falta de
consulta aos professores incomodou Marlene. “Mais uma mudança sem consulta aos
profissionais da rede, sem um debate sobre em que momento realmente o aluno
deve ser reprovado”.
Longe de
ser uma unanimidade, a reprovação é certamente um item que precisa ser
revisado. “Como reter alguém que não
desenvolveu suas habilidades por inúmeros motivos? Fui a favor da progressão
continuada, mas na prática, como ocorreu na implantação, foi uma sucessão de
erros”, completa Marlene. Sobre o possível aumento dos reprovados ainda no início
da vida escolar, Ana Carolina acredita que seja uma ação conjunta entre pais,
educadores e alunos. “Os pais devem se preocupar com todo o processo, e não só
com o resultado final. As reprovações só aumentarão caso os professores de 1.º
e 2.º ano fiquem despreocupados com o desenvolvimento intelectual da criança”.
*O nome
real da entrevistada foi preservado.
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