Paixão pela vida acadêmica

terça-feira, 31 de maio de 2011

Por Elizabete Farias

Pianco é exemplo para quem
deseja enveredar pela carreira
docente. (Acervo próprio)
 
William Pianco se formou em 2006 na Universidade Cruzeiro do sul, em Jornalismo e fala ao Radar Jornalístico sobre os desafios de se aventurar na carreira de pesquisador. Ele atravessou experiências diversas como atuar na TV Unicsul e encarar um mestrado em Portugal.
Agência Radar Jornalístico: Quando se formou?
Wiliam Pianco: Eu me graduei em dezembro de 2006, no curso de Comunicação Social/Jornalismo.

ARJ: Como você entende a competitividade no mercado de trabalho atual?
Pianco: A competitividade no mercado de trabaho é uma questão dada e, aparentemente, irreversível a curto prazo para áreas consideradas "nobres". Não teria condições de apresentar uma reflexão mais aprofundada acerca de todo o mercado, obviamente, mas, no que diz respeito à Comunicação e suas vertentes, minha impressão é de que há, sem dúvida, um "esgotamento" dos espaços de atuação aos moldes mais tradicionais - aqui eu penso em veículos distintos, passando por TV, Rádio, Impresso e Internet. Esse afunilamento para os profissionais, reflexo de tal competitividade, não necessariamente deve ser visto como algo negativo. Se por uma lado ele causa problemas para os que pretendem atuação imediata após o término da graduação, por outro ele indica que mais pessoas estão alcançando o nível superior de ensino. Fica claro, também, que o modelo centrífugo, pautado na economia dos grandes centros econômicos do país, já não sustenta a relação alunos formados/vagas no mercado de trabalho. Ou seja, há um nó que, como eu comentei, me parece inalterado em um curto espaço de tempo. No entanto, a correta leitura sobre o contexto generalizado dos possíveis campos de atuação pode nos oferecer oportunidades bastante interessantes. Quero dizer, dentro de um cenário dinâmico e em permanente alteração, se antecipar e oferecer alternativas aos modelos pré-estabelecidos pode ser a única alternativa. Isso vai ao encontro de propostas pós-modernistas que pensam no mundo também como um espaço de "glocalidades". Ou seja, reconhecer e interpretar o seu papel (como profissional, mas principalmente como indivíduo) dentro de um todo, sem perder suas características mais implícitas, parece indicar um campo legítimo de atuação profissional na contemporaneidade. A competitividade existe muito mais devido aos modelos de exploração monopolizadores do que por falta de espaço real para atuação. Havendo alternativas para isso, creio que o desalinhamento profissionais x mercado seria melhor corrigido.

ARJ: Na sua concepção, o que um jornalista de sucesso deve ter como pré-requisito?
Pianco: De forma geral, poderia dizer que um "jornalista de sucesso" deve estar alinhado àquilo que o mercado exige dele estética e, principalmente, ideologicamente. No entanto, acho essa uma postura medíocre e pouco afinada com os propósitos que a atividade jornalística tem como princípio. Sendo assim, penso que os pré-requisitos de um "bom" jornalista devem ser, entre outros, o compromisso com a ética, como princípio de verdade e com o justo. Para isso, "liberdade" e "autonomia" no fazer da profissão são essenciais! Agora, pensando de maneira prática, acompanhar e em entender o movimento de todas as esferas mundanas é uma tarefa obrigatória para quem pretende ser eficiente na profissão. Ou seja, se me pedissem um conselho, eu diria para que lessem... de tudo. Das teorias aos romances, dos jornais internacionais aos de menor circulação. Entenderas pessoas e suas formas de pensar o mundo é importantíssimo!

ARJ: Você tem saudades da época de graduação em jornalismo?
Pianco: Meu período na graduação foi muito bom! Conheci pessoas incríveis e tive  experiências muito enriquecedoras. Na Unicsul tive o privilégio de me deparar com professores de alto nível, empolgados e críticos, em sua maioria. Nomeá-los é um tanto injusto para com os demais, mas é inevitável
não pensar em Regina Tavares, Juarez Xavier, Luis Antônio Vital, Samuel Paiva. Mas, sendo como for, e indo ao cerne da questão: não, não sinto saudades. É um período que guardo com muito carinho e respeito, utilizando os aprendizados dele até hoje. Mas pensar na graduação com saudosismo é negar tudo aquilo que ela própria me incentivou a buscar. Tirem o máximo dessa vivência, mas contribuir de maneira efetiva para as transformações futuras deve ser, igualmente, percebido com disposição e interesse.

ARJ: O que mais lhe marcou como estudante de jornalismo?
Pianco: O que mais me marcou foi perceber que ao nosso lado, a todo instante e por mais que isso não fique claro, estão professores que acreditam no que fazem.
Ouvi-los, obviamente de maneira crítica, mas sempre humilde, fez com que eu
repensasse muitos de meus planos futuros. Na minha passagem pela universidade também pude atuar na TV Unicsul. Essa experiência me marcou muito. Com certeza, atuar ao passo em que mais aprendia foi uma das melhores coisas que me poderiam ter acontecido como aluno do curso.

ARJ: Quais são as suas expectativas para o futuro?
Pianco: Eu estou, atualmente, na fase final de minha pesquisa de mestrado. Após quase dois anos e meio de dedicação à área acadêmica, pretendo seguir como professor universitário. O doutorado é o próximo passo nessa carreira. Agora, acho que vale a pena exprimir minha opinião sobre o futuro político de nosso país (que, me parece, está imediatamente relacionado com as questões levantadas aqui): acredito que, de fato, teremos ainda alguns bons anos, de ascendência no plano mundial. Sendo assim, torço para que percebam isso -  vocês, futuros jornalistas, quiçá professores, agentes da comunicação - e tirem o devido proveito do cenário atual. Ele não será perpétuo, mas pode trazer boas perspectivas para nós.

ARJ: Atualmente onde você trabalha?
Pianco: Eu sou bolsista FAPESP - Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Em linhas gerais, sou um pesquisador financiado pelo Estado.

ARJ: Como foi seu mestrado?
Pianco: O meu mestrado ainda não foi concluído. Devo fazê-lo até o final deste semestre. De toda maneira, já posso dizer que foi uma experiência valiosíssima, onde eu realizo um sonho: tornar-me mestre. Faço parte do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som, pela Universidade Federal de São Carlos. Minha pesquisa consiste no estudo da Alegoria Histórica na obra do cineasta português Manoel de Oliveira. Como vocês podem notar, atrelo, com esse trabalho, duas grandes áreas de estudo, o Cinema (vertente da Comunicação) e a História. Além disso, noto frequentemente que o fazer jornalístico também está aqui, nessa minha atual função. Perguntar, investigar, conferir, comparar, refletir são verbos que exprimem muito daquilo que só sou capaz de fazer graças à minha formação primeira.

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