TDAH atinge 4,1% das crianças e adolescentes no país

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Do total de crianças portadoras do transtorno, 61,2% pertencem às classes C, D e E

Por Bruna Sales e Roseane Costa
Revisão: Maurício Noronha
Cerca de 2,9 milhões de crianças e adolescentes brasileiros são portadores do TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Este foi o resultado obtido por meio de estudos realizados, em maio deste ano, pela Comunidade Aprender Criança, instituição criada para promover a integração entre educadores e neurocientistas que visam a melhoria do ensino e aprendizado.
A professora Vania Beck defende o tratamento especializado
para alunos com difuculdades de aprendizado na Rede
Pública. (Por Rosiane Costa)
O TDAH é um transtorno neurobiológico e suas principais características são desatenção, hiperatividade e impulsividade. Não existem exames que o identifique, o diagnóstico é feito por meio de análise clínica, em que são avaliados aspectos cognitivos, histórico familiar, escolar e relacionamento social.
Segundo o psicanalista e autor do livro Dificuldades de Aprendizado, Jordano Copetti, dentre os medicamentos utilizados para o controle dos sintomas, os estimulantes do sistema nervoso central são os principais, pois aumentam a capacidade de concentração e reduzem a agitação. No Brasil, o mais usado é a ritalina.
Copetti elucida ainda que o transtorno possui alto grau de hereditariedade e as causas são múltiplas. “Sabe-se que a ativação da região frontal do cérebro, responsável pela concentração e controle de impulsos é menor. Há déficit em alguns neurotransmissores cerebrais, principalmente da dopamina, substância relacionada com a motivação, atenção, recompensa e ativação mental”, afirma o psicanalista.  

Escolas sem estrutura adequada para alunos com TDAH vêm sendo motivo de preocupação por parte de educadores da Rede Pública. A professora Vania Beck leciona no Estado há dez anos e explica que uma das soluções seria a contratação de psicólogos e assistentes sociais. “Nós, professores, temos desempenhado tarefas não pertinentes à nossa formação acadêmica. A presença desses profissionais é imprescindível para dispensar maior atenção a tais problemas. São cinquenta minutos de aula em uma sala que, às vezes, ultrapassa o número de quarenta alunos”.

Algumas escolas particulares também mostram deficiência ao interagir, não somente com esses alunos, mas com os pais.  Raquel dos Santos Sá, psicóloga e mãe de Pedro Henrique dos Santos Sá, seis anos, sofreu com a experiência vivenciada antes do filho ser diagnosticado. “Ele não se interessava pelas atividades pedagógicas, pedia, aos prantos, para ficar em casa e tinha dificuldades em interagir com outras crianças. Fui comunicada, no penúltimo dia de aula, sobre o que ocorria. Com frieza, me disseram que eu deveria ser forte, como se meu filho tivesse uma doença fatal. Descobri que além de excluído, Pedro era agredido por colegas e chegou ao ponto de não pedir para ir ao banheiro, torcia as perninhas até que alguém o levasse”, declara.

Com tratamento adequado e orientação aos pais e professores é possível uma rotina normal. A psicóloga que além do filho, também tem marido e enteada com o TDAH, afirma que encontrou caminhos bem sucedidos para proporcionar à família uma vida estável. “Este ano, Pedro foi para uma escola maior, bastante inseguro, mas está no processo de criação de uma imagem agradável do ambiente escolar. Faz tratamento com fonoaudióloga, psicopedagoga e começou a tomar ritalina. Participa de atividades de motricidade para que veja a escola como um lugar prazeroso, não só de obrigações”.


Fonte: (dados estatísticos) Comunidade Aprender Criança www.aprendercrianca.com.br


Para adquirir o livro Dificuldades de Aprendizado acesse o site da editora Juruá: http://www.jurua.com.br



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