Gosto é gosto

terça-feira, 11 de setembro de 2012


(Banco de Imagens)

Crônica: Cultura

Luan Santana, Gusttavo Lima, Fernando e Sorocaba, Paula Fernandes e outros nomes da música sertaneja universitária não podem faltar na minha playlist. No entanto, às vezes fico pensando. Só por que ouço esse estilo musical sou culturalmente inferior às outras pessoas? Por que me julgam inferior a tanta gente só por que contemplo músicas que aprecio ser boas? Há realidades na vida difíceis de explicar. Gosto musical é uma delas.  

Lembro-me bem do dia em que expus meu gosto musical, na aula sobre gêneros jornalísticos, e fui duramente criticado pelos meus colegas de classe. “Como ousa gostar tanto de música de pobre, quando poderia estar ouvindo os mais sublimes sons de Caetano Veloso, Chico Buarque e Roberto Carlos?” Questionava um dos “entendidos” da música popular.

Mas o que eles, meus nobres colegas, talvez não saibam é que fui criado em uma família na roça, lá no interior de um Estado que muitos dizem não existir, Rondônia. Pra aquelas bandas, campos repletos de capim e boi, não se ouviam outra coisa a não ser o sertanejo de raiz de consagrados nomes como o de João Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Sérgio Reis e outros mais.

Descalço sob aquela terra branca, não me esqueço da cena em que meu velho pai deitado na rede, ouvia no seu rádio a pilha uma canção que ficará para sempre em minha memória. “Acabou-se o som da viola, acabou-se o Chico Mineiro”, dizia a música de Tonico e Tinoco.

O tempo passou, aquela criança cresceu, mudou-se para a cidade, mas o que viveu e aprendeu estará sempre em suas veias, assim como a música sertaneja, da terra batida da roça para o asfalto das grandes cidades, ganhou um novo ritmo, o universitário.

Sem muito blá blá blá, essa história talvez consiga explicar melhor o porquê tenho na minha playlist músicas sertanejas, que os meus colegas nos bancos de uma universidade diziam serem músicas de pobre e sem um pingo de intelectualidade. E eles são? Para esses “entendidos”, a música pode ser duvidosa, mas no meu caso ela tem muito a ver com a minha infância, canções que me emocionam até os dias de hoje. Assim como as de Chico Buarque, Caetano Veloso e Roberto Carlos marcaram a infância deles no seu âmbito familiar, ou seja, a cultura de cada um.

Pra mim, ouvir rock’n rool é crime, mas quem sou eu para dizer que escuto músicas boas? Seria hipócrita julgar aqueles que apreciam qualquer outro estilo musical, que não o sertanejo. Por isso, neste caso, sou daqueles que segue o dito popular de que gosto é gosto e não se discute. Agora, por exemplo, preferiria estar escrevendo uma notícia, mas minhas obrigações universitárias me fazem escrever esta crônica.

Por Efraim Caetano

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