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Crônica: Cultura
Luan Santana, Gusttavo
Lima, Fernando e Sorocaba, Paula Fernandes e outros nomes da música sertaneja
universitária não podem faltar na minha playlist. No entanto, às vezes fico
pensando. Só por que ouço esse estilo musical sou culturalmente inferior às
outras pessoas? Por que me julgam inferior a tanta gente só por que contemplo
músicas que aprecio ser boas? Há realidades na vida difíceis de explicar. Gosto
musical é uma delas.
Lembro-me bem do dia em
que expus meu gosto musical, na aula sobre gêneros jornalísticos, e fui
duramente criticado pelos meus colegas de classe. “Como ousa gostar tanto de
música de pobre, quando poderia estar ouvindo os mais sublimes sons de Caetano
Veloso, Chico Buarque e Roberto Carlos?” Questionava um dos “entendidos” da
música popular.
Mas o que eles, meus
nobres colegas, talvez não saibam é que fui criado em uma família na roça, lá
no interior de um Estado que muitos dizem não existir, Rondônia. Pra aquelas
bandas, campos repletos de capim e boi, não se ouviam outra coisa a não ser o
sertanejo de raiz de consagrados nomes como o de João Carreiro e Pardinho,
Tonico e Tinoco, Sérgio Reis e outros mais.
Descalço sob aquela
terra branca, não me esqueço da cena em que meu velho pai deitado na rede,
ouvia no seu rádio a pilha uma canção que ficará para sempre em minha memória.
“Acabou-se o som da viola, acabou-se o Chico Mineiro”, dizia a música de Tonico
e Tinoco.
O tempo passou, aquela
criança cresceu, mudou-se para a cidade, mas o que viveu e aprendeu estará
sempre em suas veias, assim como a música sertaneja, da terra batida da roça
para o asfalto das grandes cidades, ganhou um novo ritmo, o universitário.
Sem muito blá blá blá, essa
história talvez consiga explicar melhor o porquê tenho na minha playlist músicas
sertanejas, que os meus colegas nos bancos de uma universidade diziam serem
músicas de pobre e sem um pingo de intelectualidade. E eles são? Para esses
“entendidos”, a música pode ser duvidosa, mas no meu caso ela tem muito a ver
com a minha infância, canções que me emocionam até os dias de hoje. Assim como
as de Chico Buarque, Caetano Veloso e Roberto Carlos marcaram a infância deles
no seu âmbito familiar, ou seja, a cultura de cada um.
Pra mim, ouvir rock’n
rool é crime, mas quem sou eu para dizer que escuto músicas boas? Seria
hipócrita julgar aqueles que apreciam qualquer outro estilo musical, que não o
sertanejo. Por isso, neste caso, sou daqueles que segue o dito popular de que gosto
é gosto e não se discute. Agora, por exemplo, preferiria estar escrevendo uma
notícia, mas minhas obrigações universitárias me fazem escrever esta crônica.
Por Efraim Caetano
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