Com um trabalho voltado a inclusão social e cidadania, o Espaço Alana, no Jardim Pantanal oferece aos moradores da região diversos serviços e cursos
Por Fabiana Chagas, Laerte Conde, Nathalia Alves e Sandra Mesquita
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Logo. (Por Nathalia Alves) |
Atuando desde 1994, o Instituto Alana é uma organização não-governamental sem fins lucrativos. Desenvolve dois projetos: Espaço Alana, que possui suas duas unidades no Jardim Pantanal, Zona Leste de São Paulo e o Criança e Consumo, que para o Instituto, é um problema de todos.
As atividades e atendimentos oferecidos pelo Espaço Alana concentram-se na Unidade Erva do Sereno, entretanto, na Unidade Borboleta Amarela também funcionam diversas atividades, como o Núcleo de Iniciação Profissional (NIP), que trabalha com cerca de 1400 jovens anualmente.
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Crianças da comunidade leem e acessam
à internet na biblioteca. (Por Nathalia Alves) |
Tudo começou quando Ana Lúcia de Mattos, em 1994, veio conhecer uma fazenda que herdou dos pais. Quando chegou ao local, viu suas terras ocupadas. Ao invés de entrar com processo de reintegração de posse, procurou as lideranças locais e empresários e criaram o Espaço Cultural Pantanal, em processo de auto-gestão da comunidade. Somente em 2003, devido à expansão da iniciativa, houve a necessidade de uma formalização, tornando-se então o Espaço Alana, projeto gerido pelo Instituto Alana.
Atualmente são atendidas cerca de 2 mil pessoas diariamente, entre usuários frequentes e os que utilizam os serviços sem regularidade. Na região residem aproximadamente 6 mil famílias, que totalizam 40 mil habitantes.
Para que o projeto continue funcionando e cumpra sua missão, a de oferecer aos moradores do Jd. Pantanal e redondezas melhoria na qualidade de vida por meio da articulação e do atendimento social, muitas pessoas estão envolvidas. Além de voluntários, atuam no Espaço Alana pessoas contratadas em regime CLT, estagiários e prestadores de serviços. No total, são 162 colaboradores e diversos profissionais, como: psicólogos, administradores, assistentes sociais e professores.
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Nureca, aula de estudos gerais.
(Por Nathalia Alves) |
Oswaldo Ribeiro trabalha como assistente social do Instituto há três meses. É o responsável pelo eixo de articulação comunitária, que faz parte do Núcleo de Ação Social (NAS). Sua função é fazer a ligação entre a comunidade e o poder público, tentando assim, resolver os problemas encontrados por meio do levantamento realizado no bairro. “Quando cheguei aqui, fazia cinco anos que a máquina não passava na rua. Através do diálogo com a Subprefeitura São Miguel, jogaram freza, pois aqui é área de APA (Área de Proteção Ambiental) e não pode ser asfaltada”. Ribeiro ainda ressalta que a comunidade busca a solução com o asfalto ecológico.
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Nureca, aula de música. (Por Nathalia Alves) |
Para ele, a presença do Alana na comunidade abre novos horizontes. “A forma com que a comunidade passa a ver o mundo muda, pois não é um trabalho de assistencialismo puro. É cidadania através da educação, da cultura, da arte e da busca por direitos”. Ribeiro mostra-se satisfeito com os resultados alcançados, entretanto, ressalta: “O projeto não é o único, mas é mais um instrumento para tentar solucionar os problemas da região, a diferença é que ele é feito com o povo e não para o povo”.
O Espaço Alana tem sua estrutura de programação dividida em núcleos. O Núcleo de Recreação e Cultura (Nureca) tem atendimento fixo de 340 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. As oficinas oferecidas chegam a 18, que variam entre aulas de música, dança, capoeira, teatro, percussão, expressão corporal, artes plásticas e orientação escolar. Nesse núcleo também existe a assistência odontológica. Atualmente, na sala de estudo geral, coordenada pela Profª Joana, muitas crianças entre 11 e 13 anos estão produzindo a 2º edição do jornal Só Lorota, onde eles têm a oportunidade de expressar seus sentimentos, divulgar as novidades e ainda praticar a escrita.
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Unidade Erav do Sereno. (Por Nathalia Alves) |
Já no Núcleo de Iniciação Profissional (NIP), jovens e adultos podem realizar variados cursos. Informática, Inglês, Zeladoria de condomínio, Administração e Empreendedor de pequenos negócios são alguns deles. Muitos desses jovens que saem formados acabam trabalhando no próprio Instituto, informou Ribeiro. Maria Lopes, 44, frequentadora assídua, há quatro anos, sempre está preparada para mais uma novidade. “Já fiz empreendedorismo, agora faço administração e informática, além de ginástica, dança e artesanato. Também já estou matriculada no curso Auxiliar de cozinha, que terá início em 2012”, disse entusiasmada.
Dentre outros núcleos, também se destacam o eixo de geração de renda, onde mulheres fazem produtos para serem comercializados, o núcleo do idoso, que atende 160 usuários, que fazem aulas de dança, pintura em tela e teatro, entre outras atividades. E para as crianças existe o Centro de Educação Infantil (CEI), que atende a 250 delas com idade entre 0 e 3 anos e 11 meses. Auzelete Martins, 40, pratica ginástica e dança há três anos, mas comenta: “Todo o trabalho realizado com os idosos é muito bom, mas acho que as atividades voltadas para os jovens e adolescentes merecem destaque, sem falar da creche, que cuida de nossas crianças”, ressaltou Martins.
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Elani e Oswaldo transmitem por meio do sorriso a alegria
de todos envolvidos no projeto. (Por Nathalia Alves) |
As atividades e serviços, como o de assistência psicológica, que trazem esperança para essa comunidade carente, não param por aí. Ainda existe a biblioteca, que além do empréstimo de livros e mídias digitais, oferece também acesso à internet e a jogos diversos. Só no mês de abril de 2011, passaram por lá 1407 pessoas. “Os livros mais procurados são os infanto-juvenil e literatura estrangeira”, informou Ulisses Luís, que trabalha na biblioteca há mais de um ano. A bibliotecária é Elani Nascimento, que em apenas seis meses de serviço conseguiu inserir para a população muitos outros momentos especiais. “As pessoas ficam aqui e fazemos sarau, contação de história, roda de conversa, cinema na biblioteca e também a Cenfopeia, que é a integração do idoso com a criança”. Os trabalhos não são somente de lazer, segundo Nascimento, todos têm um propósito. “Na roda de conversa, discutimos temas como o bullyng e a sexualidade, sempre acompanhados de psicólogos; o filme do cinema é escolhido e depois discutido por um pedagogo e no laboratório de informática, que é utilizado pelas crianças apenas para jogos, vamos iniciar uma oficina sobre a criação de blogs”, relatou a bibliotecária.
Ela também está com um novo projeto: Baú literário, que com um acervo de 100 livros, atenderá a escolas e áreas comerciais que não possuem biblioteca para o incentivo à leitura. “A minha maior motivação para o trabalho que desenvolvo é aumentar o número de leitores ativos na comunidade Jd. Pantanal e redondezas. É um trabalho de formiguinha, mas acredito que é recompensador”, disse Nascimento, emocionada.
Por meio dessas e de tantas outras ações realizadas, o Espaço Alana demonstra sua preocupação em proporcionar ao morador mais do que momentos de bem estar dentro de seu espaço. Mas através do exercício da cidadania mostrar os caminhos para que lutem pelos seus direitos e possam mudar sua realidade, provando que a realidade pode ser diferente.
Serviço:
Rua Erva do Sereno, 548
Jd. Pantanal, São Paulo
Tel: (11) 2585-7646
Rua Borboleta Amarela, 481
Jd. Pantanal, São Paulo
Tel: (11) 2586-4559
www.espacoalana.org.br