Por Elizabete Farias
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Márcio Neves, ex-aluno da Cruzeiro do Sul conquistou
seu lugar ao sol no mercado de trabalho. (Acervo próprio) |
Márcio Neves, videorrepórter do jornal Folha Online e ex-aluno de Jornalismo da Cruzeiro do Sul, relata como iniciou sua carreira, dá dicas de como conciliar trabalho e vida pessoal e diz quais os motivos que lhe levaram a trocar a segurança de um trabalho de assessor de imprensa pela agitação da vida de repórter.
Radar Jornalístico: Você é de Minas, quando se aventurou na terra da garoa?
Márcio Neves: Nasci em Juiz de Fora, Minas Gerais. Cheguei em São Paulo com sete anos, acompanhado dos meus pais, que vieram trabalhar na cidade na década de 80. Vivi boa parte da minha vida bem ao lado da Unicsul de São Miguel.
RJ: Como concilia suas atividades de videorrepórter com sua vida pessoal?
Neves: Vida zero. (risos) Na verdade, a questão de ser videorrepórter não interfere na sua vida pessoal. Ser jornalista, sim. Principalmente no começo da carreira, em que a dedicação e o empenho podem fazer o diferencial no futuro.
RJ: Seu trabalho como assessor de imprensa foi importante na sua carreira profissional?
Neves: Sim, muito. Ser assessor de imprensa me permitiu ampliar o portfólio profissional e desenvolver uma extensa rede de contatos que fortaleceram o meu trabalho como jornalista, sem falar do aprendizado e a oportunidade de ver a notícia do outro lado.
RJ: Por que não continuou nessa área?
Neves: Paixão por jornalismo de verdade. Não significa que assessor de imprensa não faça jornalismo, mas em redação esse trabalho é mais extenso e diversificado. Isto me motivou a abandonar o sonhado horário comercial, os benefícios salariais e as condições de vida mais “saudáveis” oferecidas pela vida de assessor, pela insanidade do jornalismo diário.
RJ: Vimos em suas matérias, uma linguagem diferenciada, quase poética. Isso é comum em seus vídeos?
Neves: Tento dar o máximo de foco jornalístico com lide e personagens que causem o impacto adequado à reportagem produzida. Mas, nem sempre temos tempo hábil para isto. Muitas vezes, os textos saem de forma automática, o importante é a objetividade.
RJ: Como foi o processo seletivo para entrar na Folha?
Neves: Tenso. Quatro etapas, que foram de análise de currículo e entrevistas com o editor e uma banca, que fez uma verdadeira sabatina.
RJ: No que consiste a atividade do videorrepórter?
Neves: O videorrepórter produz, capta, entrevista, edita e veicula reportagens em vídeo. O que seria feito por mais de um profissional no formato padrão de produção de jornalismo em vídeo, acaba sendo concentrado em um único profissional que agrega neste processo, uma reportagem em vídeo mais realista e com ampla credibilidade.
RJ: Qual foi o seu vídeo mais importante, até o momento?
Neves: Difícil falar, são vários. Eu pessoalmente vejo o vídeo do Ibope como um xodó pessoal, pois exigiu muito do processo de apuração, porém, o repercutido foi a série de entrevistas com os candidatos à presidência.
RJ: Nos EUA, esta atividade é mais conhecida?
Neves: Não só nos EUA, mas em quase todo o mundo. Vídeojornalismo tem crescido e ganhado força por sua agilidade, credibilidade e por ter baixo custo na produção noticiosa.
RJ: O que devemos ter para atuar como videorrepórter?
Neves: Videorrepórter ou vídeojornalista deve reunir habilidade e faro para a notícia, com a capacidade técnica e o olhar de um cinegrafista e com a eficiência e o empenho de apuração de um produtor; quando comparamos com o sistema de produção de notícias em vídeo “padrão”. Mas, acima desta dedicação, deve-se ter boa vontade e humildade em ouvir e aprender, e quando possível ensinar.
RJ: Quais são as expectativas para o futuro?
Neves: O futuro é incerto, sempre acredito que métodos de produção jornalística mais eficientes e com menos custo tem espaço garantido e que o jornalista deve ser cada vez mais antenado. Ser multimídia, capaz de se relacionar com todo o fluxo de forma pró-ativa e saber usar de todos os recursos possíveis para enriquecer sua reportagem e se souber produzi-las, faça.